Yoga não é religião
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A palavra religião vem do latim religare, ou reunir, que tem o mesmo significado da palavra Yoga. No entanto, o Yoga não é um sistema de crenças, e sim um trabalho objetivo, sistemático, de caráter científico/experimental, que, por ativar a consciência nos níveis superiores de nosso ser, capacita-nos a vivenciar estados espirituais de modo direto e autêntico, independente de qualquer sistema interpretativo particular, como o Zen Buddhismo, mais do que todos os demais caminhos de auto realização, tem o cuidado de enfatizar.
Por isso, o Yoga não é proselitista, nem dogmático ou sectário. O Yoga terá discípulos, mas não seguidores, porque nele tudo é uma questão de experiência pessoal direta, onde a crença é dispensável. Confundir o Yoga com religião, e com o hinduísmo em particular, é desconhecer sua verdadeira natureza.
Como existem pessoas cujo temperamento é naturalmente devocional, há um ramo de Yoga chamado Bhakti Yoga, que mostra como transformar a devoção em um trabalho sistemático de Yoga. Isso pode ser feito por devotos de qualquer religião, e o Yoga não determina que o bhakta seja hinduísta, nem sugere a escolha de qualquer forma particular de devoção. É claro que bhaktas indianos serão, provavelmente, hinduístas, e bhaktas tibetanos, chineses ou japoneses serão provavelmente budistas, mas um bhakta ocidental será, provavelmente, um cristão, e um bhakta do mundo árabe certamente será um muçulmano.
O Yoga afirma que a mais alta vivência espiritual que o homem pode ter, a partir de qualquer religião ou filosofia, é a consciência da unidade do todo, que é experimentada como sat-chit-ananda (2), e que tudo o mais, teologias, crenças, dogmas e mandamentos não passam de tentativas de explicar o inexplicável, usando instrumentos tão inadequados quanto são as palavras.
Afirma o Yoga que todas as divergências religiosas acontecem porque uma mesma verdade abstrata tem tomado formas concretas diferentes, dependendo da época e da cultura em que foram expressas. Enquanto nos deixarmos hipnotizar por essas formas, as religiões permanecerão como um fator de fanatismo e separatividade, quando seu objetivo maior deveria ser, e (pelo menos em seus livros sagrados) declaradamente é, a união de todos os homens pelo amor espiritual. Enquanto pensarmos que vida espiritual é manter uma crença, em lugar de experimentar e vivenciar estados supra mentais, não haverá como dois praticantes de diferentes religiões entenderem que o Deus de uma é o mesmo Deus da outra.
Personalizar a Divindade é um grande perigo para os devotos, porque isso os leva a atribuir a Deus uma intolerância que é apenas deles, não Dele. O Ser Supremo é tão mais do que qualquer livro sagrado pode transmitir, tão mais do que nossos conceitos podem abarcar, que o Yoga afirma ser desnecessária uma crença prévia em sua existência, porque esta seria, certamente, limitada e imperfeita.
Uma pessoa pode descrer na existência do oceano, mas mesmo assim o encontrará, se navegar por um rio até a sua foz. Não importa qual o idioma usado para denominá-lo. Não importa se chamam-no Atlântico, Pacífico, Índico ou Mediterrâneo. Ele é um só, e sua água é salgada. Mergulhemos nele e nenhuma discussão fará mais o menor sentido.
O que o Yoga não é
» por Maria Alice Figueiredo (A palavra religião vem do latim religare, ou reunir, que tem o mesmo significado da palavra Yoga. No entanto, o Yoga não é um sistema de crenças, e sim um trabalho objetivo, sistemático, de caráter científico/experimental, que, por ativar a consciência nos níveis superiores de nosso ser, capacita-nos a vivenciar estados espirituais de modo direto e autêntico, independente de qualquer sistema interpretativo particular, como o Zen Buddhismo, mais do que todos os demais caminhos de auto realização, tem o cuidado de enfatizar.
Por isso, o Yoga não é proselitista, nem dogmático ou sectário. O Yoga terá discípulos, mas não seguidores, porque nele tudo é uma questão de experiência pessoal direta, onde a crença é dispensável. Confundir o Yoga com religião, e com o hinduísmo em particular, é desconhecer sua verdadeira natureza.
Como existem pessoas cujo temperamento é naturalmente devocional, há um ramo de Yoga chamado Bhakti Yoga, que mostra como transformar a devoção em um trabalho sistemático de Yoga. Isso pode ser feito por devotos de qualquer religião, e o Yoga não determina que o bhakta seja hinduísta, nem sugere a escolha de qualquer forma particular de devoção. É claro que bhaktas indianos serão, provavelmente, hinduístas, e bhaktas tibetanos, chineses ou japoneses serão provavelmente budistas, mas um bhakta ocidental será, provavelmente, um cristão, e um bhakta do mundo árabe certamente será um muçulmano.
O Yoga afirma que a mais alta vivência espiritual que o homem pode ter, a partir de qualquer religião ou filosofia, é a consciência da unidade do todo, que é experimentada como sat-chit-ananda (2), e que tudo o mais, teologias, crenças, dogmas e mandamentos não passam de tentativas de explicar o inexplicável, usando instrumentos tão inadequados quanto são as palavras.
Afirma o Yoga que todas as divergências religiosas acontecem porque uma mesma verdade abstrata tem tomado formas concretas diferentes, dependendo da época e da cultura em que foram expressas. Enquanto nos deixarmos hipnotizar por essas formas, as religiões permanecerão como um fator de fanatismo e separatividade, quando seu objetivo maior deveria ser, e (pelo menos em seus livros sagrados) declaradamente é, a união de todos os homens pelo amor espiritual. Enquanto pensarmos que vida espiritual é manter uma crença, em lugar de experimentar e vivenciar estados supra mentais, não haverá como dois praticantes de diferentes religiões entenderem que o Deus de uma é o mesmo Deus da outra.
Personalizar a Divindade é um grande perigo para os devotos, porque isso os leva a atribuir a Deus uma intolerância que é apenas deles, não Dele. O Ser Supremo é tão mais do que qualquer livro sagrado pode transmitir, tão mais do que nossos conceitos podem abarcar, que o Yoga afirma ser desnecessária uma crença prévia em sua existência, porque esta seria, certamente, limitada e imperfeita.
Uma pessoa pode descrer na existência do oceano, mas mesmo assim o encontrará, se navegar por um rio até a sua foz. Não importa qual o idioma usado para denominá-lo. Não importa se chamam-no Atlântico, Pacífico, Índico ou Mediterrâneo. Ele é um só, e sua água é salgada. Mergulhemos nele e nenhuma discussão fará mais o menor sentido.
Leia na sequência:
O que o Yoga não é
Yoga não é uma ginástica
Yoga não é relaxamento por sugestão
Yoga não é religião
Yoga não é mágica
- Texto extraído das páginas 34 a 36 do capítulo 1 do livro Yoga Vidya, a Sabedoria do Yoga – Conceitos Fundamentais (1997) e digitado por Cristiano Bezerra em 18 de janeiro de 2003. [↩]
- Sat: puro ser ou vida eterna, como a chamou Jesus. Chit: pura consciência, ou a verdade que liberta, como Jesus a designou. Ananda: pura bem-aventurança, a sublime união dos sentimentos de amor universal e paz celestial. [↩]
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