Uma “nova” ética para os relacionamentos amorosos

Escultura erótica em templo hindu medieval em Khajuraho, Índia
Por ter, como todos vocês que me leem agora, passado por algumas amargas experiências no setor dos relacionamentos amorosos, comecei a prestar mais atenção à minha volta, procurando entender pelo menos um pouco do que andou me acontecendo.
Não sei se entendi, mas minhas observações estão se transformando numa pesquisa informal: observo as atitudes de pessoas que eu conheço, que são somadas aos comentários que ouço e aos desabafos que escuto.
E, pasmem, depois de um tempo fazendo isso, passei alguns meses me sentindo quase um lixo de mulher.
Querem saber por quê?
Porque eu “descobri” uma coisa que já anda acontecendo há séculos, mas que nunca antes me chamou tanto a atenção:
As pessoas fazem sexo primeiro pra descobrir se se gostam como pessoas depois!
Primeiro se transa, depois se vê se se admira.
Primeiro se transa, depois se vê se se respeita.
Primeiro se transa, depois se vê se se importa.
Esse comportamento antes era tido como masculino, porque os homens, mais do que as mulheres, costumavam agir assim. Homens traíam mais e selecionavam menos suas parceiras. Sem querer ser machista ou preconceituosa, essa era a ideia geral. Hoje, não mais.
Hoje, de acordo com algumas estatísticas mais recentes e pelos meus estudos informais, as mulheres traem quase na mesma proporção e já selecionam bem menos seus parceiros. A ponto de eu ter chegado a ouvir, de uma garota de apenas 18 anos, a seguinte constatação:
– É bom eu ficar com esse mesmo (leia-se: namorado), porque tá difícil de encontrar homem.
Embora chulas, essas foram as exatas palavras que escutei. E, considerando-se que estamos no século XXI, é tudo muito triste, não é?
Assim como já me foi triste ter que ouvir que eu sou muito sensível e que me importo muito em fazer a coisa certa. A sugestão que eu mais ouvi e ouço até hoje é:
Deixa rolar pra ver no que vai dar!
Confesso que passei uns tempos bem desanimada, até desapontada comigo mesma, simplesmente por não conseguir ser assim. Até que comecei a realizar que, apesar de tudo isso, essas mesmas pessoas, homens e mulheres, não estavam assim tão felizes. Pelo menos, nem um terço do que esperavam ser.
Descobri, também, que eles não conseguem ser tão espontâneos quanto gostariam, e que passam boa parte do tempo em elucubrações estratégicas para fazer o relacionamento racionalmente “valer a pena”.
Mas foi aí também que eu percebi uma coisa fantástica, que mudou meu olhar e me trouxe uma certeza reconfortante: é essencial poder ser diferente, embora não seja nada fácil.
Acabei, a duras penas, descobrindo que eu adoro poder ser mulher e ser feminina, que eu não gosto de medir forças quando me interesso sinceramente por um homem, e que eu admiro demais as pessoas que conseguem ficar sozinhas sem ser solitárias, que não sucumbem a qualquer apelo pra ter alguém do lado.
Descobri que repugno essa safra de mulheres-profissionais e de homens-sazonais.
Descobri que a maioria é, quase sempre, burra (não estou falando de QI, mas de consciência) e que existem coisas que não se faz, mesmo que muita gente esteja fazendo.
Descobri que a maior ética para qualquer relacionamento, especialmente aqui o homem-mulher, é tão antiga e tão suprema:
Não faça ao outro aquilo que você não gostaria que fizessem a você.
Não traia, a não ser que você ache o máximo ser traído/a; não brinque com os sentimentos de ninguém, a não ser que você receba de bom grado esse mesmo tipo de tratamento; não mantenha uma relação apenas por não ter ninguém melhor no momento ou por conveniência, ou apenas porque você não suporta nem a ideia de ficar sozinho/a.
O tempo é precioso demais pra não levar a lugar nenhum. Em resumo: não enrole!!!
Posso continuar escrevendo por horas a fio, mas acho que já deu pra entender.
Evoluir como seres humanos é tarefa árdua para homens e mulheres, sem distinção, pois em essência, somos todos um. Como dizia o filósofo Santo Agostinho: na essência a unidade, na aparência a liberdade. E como também dizia Krishnamurti: a liberdade não é uma reação – é um sentimento.
Em pleno século XXI, quando o assunto são os relacionamentos amorosos, a grande liberdade é saber se comprometer consigo mesmo: sem egocentrismos, sem possessividades, sem dependências, oferecendo apenas o seu melhor e fazendo despertar no outro o que ele tem de melhor.
Leia também:
Amor Radical ou emoções baratas?
- Artigo originalmente publicado em 23 de agosto de 2009. [↩]
O mundo está cada vez mais rápido. As pessoas não têm mais paciência para conhecer a outra pessoa, entendê-la e aí, então, entrar em um relacionamento, para que seja algo duradouro e sadio. Gostei muito desse conteúdo, valeu a pena ler!
Que bom que você gostou, Felipe, e muitíssimo grato por essa tua reflexão!
Ao que parece, realmente vivemos de ciclos. Uns maiores, outros mais perigosos, mas sempre presentes, no sentido de que se achegam como uma novidade suprema, trazem seu ápice, e, depois a verdade que foi sucumbida, vão transparecendo aos poucos os enganos e as ilusões dessas meias verdades.
Ora, o feminismo, tal qual ativismo político-social propagado aos quatro ventos pelos partidos de esquerda e visões progressistas, tem trazido um verdadeiro caos às almas. Passada a euforia de carícia ao ego, muitas mulheres mais conscientes estão percebendo o estrago… o feminismo tem violentado o feminino, distorcido o masculino e trazido apenas mais uma fórmula da infelicidade com suas influências alienígenas.
Hoje já vemos milhares de mulheres e centenas de movimentos, ao redor do mundo, liderados não por homens, mas por mulheres, combatendo essas ideologias e aqueles que as promovem. Espero que cada vez mais mulheres despertem.
Muitíssimo grato por essa tua reflexão, Dâmokles!
Eu não estou conseguindo agir no mundo de hoje, pois os homens estão escolhendo as mulheres de uma forma mais ousada. Tipo, sexo no primeiro encontro com intuito de testar a pessoa e ver qual é a melhor de cama.
Pois é, Bia, profundamente equivocado e lamentável mesmo tudo isso, infelizmente.
Adorei! Achei muito interessante.
Que ótimo, Luana, fico realmente muito feliz que você tenha gostado tanto assim!
Realmente, procurar qualidade, empatia e comunhão está bem fora de moda, principalmente para os do sexo masculino, bem como saber sair de um relacionamento desgastado, ou ainda que deixe muito a desejar, somente para não ficar só. A solidão momentânea também tem o sua função social. Abaixo os relacionamentos rançosos!
Muitíssimo grato, Zé Ricardo, por esse teu comentário aqui nesse artigo da Rosana!
Rosana, estou no teu time. Penso como você, e, com certeza, já senti, fui pressionada, percebi e ouvi as mesmas bobagens. Relacionamento bom não dá trabalho, nem desgasta. É pra dar alegria, ter companheirismo… simplesmente fluir! Que bom que ainda há muitos homens e mulheres bacanas, sim. Beijos!
Muitíssimo grato, Regina, por esse teu comentário nesse artigo da Rosana!
Estou agradecendo pelas informações. Este blog Yoga Pleno tem contribuído maravilhosamente para o autoconhecimento, e, portanto, para o desenvolvimento humano. Muito grata!
Não há de que, Maria de Fátima! A gratidão é toda minha por esse teu lindo feedback!
Fantástico!
Que bom que você gostou, Carol! Fico realmente muito feliz!
E eu que pensava que só eu era assim! Respeito-me!
Que ótimo, Fafazinha, faz você muito bem!