Um caminhão de sabedoria

Sri Sathya Sai Baba (1926-2011) e o Professor Hermógenes (1921-2015)
Maria Bicalho, esposa de um dos mais respeitados professores de Yoga do Brasil, foi atropelada por um caminhão quando o casal visitava o ashram de Sri Sathya Sai Baba, mestre de ambos, em janeiro de 1993, na Índia. Uma prova difícil, que deu a Hermógenes a oportunidade de pôr em prática a filosofia de vida que já professava há mais de 30 anos.
Bernardo Horta: O Sr não acredita mais na Medicina?
Prof. Hermógenes: Quando proponho a Medicina sem terapeuta, sem médico, sem remédios, não estou contestando a alopatia e a homeopatia, pois elas todas são necessárias. A Medicina alopática me salvou da tuberculose. Não posso negá-la. Minha posição é que a Medicina tem se especializado em cuidar das doenças, e a Yogaterapia vai cuidar da saúde. Mas é verdade que podemos precisar da Medicina a qualquer momento…
Bernardo Horta: Como, por exemplo?
Prof. Hermógenes: Recentemente, em Bangalore (Índia), minha mulher foi atropelada por um caminhão, jogada à distância no asfalto. Ensanguentada, foi levada para o Manipal Hospital, onde ficou por 18 dias. A instituição tem um desenvolvimento tecnológico e científico invejável, mas acima de tudo conta com uma coisa que no Brasil precisamos aprender: adicionar amor ao tratamento.
Bernardo Horta: O Sr e sua mulher, Maria, estavam na Índia em visita ao ashram do mestre indiano Sai Baba, de quem são devotos. Sai Baba é considerado por muita gente como o Buddha Maitreya, o Avatar da Nova Era, e em outras declarações ele diz: “por quê temer, quando Eu estou aqui?”. No entanto, o atropelamento de sua esposa aconteceu em frente ao Ashram do guru. O que significa isso, professor? Devoção não é sinônimo de proteção divina?
Prof. Hermógenes: Maria, minha esposa, é devota de Sai Baba, e, de fato, foi atropelada em frente ao Ashram. Onde está a proteção? Esse questionamento surge nas pessoas, naturalmente… “Então Deus não tem poder ou não quer proteger uma devota?”, indagam. Vejo que a maioria das pessoas está enganada supondo que de Deus só temos que receber benesses, benevolência, a mãozinha pelo cabelo, coisas boas. Não. Nós é que criamos nossas próprias dores e Deus, por misericórdia, nos deu a Lei do Karma, e não interfere nessa lei, a não ser para aliviar a dor de quem está sofrendo. Jesus Cristo foi muito claro ao dizer que o caminho é estreito. São Paulo disse que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus.
Bernardo Horta: E um atropelamento pode concorrer para o bem de alguém que ama a Deus?
Prof. Hermógenes: Sim, pode. Se nós pudermos valorizar o sofrimento objetivamente; desde que no sofrimento eu pague uma dívida, ou através dele eu seja colocado para testemunhar meu amor à Verdade, que está além daquele sofrimento. Se eu assumo avançar pelo caminho estreito, em busca do que Jesus Cristo chamou de Salvação, a dor não é minha inimiga, nem Deus me desamparou quando eu estou mergulhado nela. A dor pode ser a misericórdia que Deus nos dá e que todos nós deveríamos reconhecer.
Tranquilidade
Bernardo Horta: E ao presenciar o atropelamento, qual foi sua reação?
Prof. Hermógenes: A primeira coisa que fiz foi entregar minha mulher a Deus. Segui este lema: entrego, confio, aceito e agradeço. E entrei em estado de tranquilidade. Se eu entrasse em pânico, o hospital iria tratar de dois, pois aos quase 72 anos eu poderia ter tido um enfarte, e outras tantas coisas. O fato ocorreu em janeiro (de 1993), e até agora não tive nada. Continuo administrando meu estresse, pois ela ainda está em recuperação (2). O pânico é o limite do estresse.
Bernardo Horta: Qual a mensagem de Sai Baba?
Prof. Hermógenes: Ele diz que veio para restaurar o Sanathana Dharma. A busca da Verdade que é uma só, da Lei Eterna, que é a essência e substância una e única de todas as religiões.
Bernardo Horta: Sai Baba propõe uma nova religião? O Sr o considera um Mestre?
Prof. Hermógenes: Sim, eu o considero um Mestre, um Avatar. Ele diz que não veio trazer uma religião nova, e nem falar a favor de uma determinada doutrina já existente. “Eu vim restaurar a Verdade una e única”, diz Sai Baba, e é por isso que estou com ele. Minha mulher e eu já tivemos a oportunidade de algumas entrevistas com ele, e eu traduzi para o português o primeiro livro sobre Sai Baba lançado no Brasil, intitulado Sai Baba, o Homem dos Milagres (Editora Nova Era). Recentemente, foi lançado um segundo livro que traduzi, de autoria do mestre, cujo título é Sadhana, o Caminho Interior, também pela Editora Nova Era.
Bernardo Horta: E sobre seus poderes parapsíquicos?
Prof. Hermógenes: Eu o vi várias vezes materializar Vibhuti (cinza sagrada), anéis de brilhante, realizar curas…
Bernardo Horta: Qual o significado do Vibhuti?
Prof. Hermógenes: É um símbolo precioso. Todas as diferenças terminam numa unificação, que é a cinza. Nela todos somos iguais e nada mais se pode reduzir. A cinza é o estágio final. Mostra a fragilidade de nossa existência e nos lembra a eternidade de nossa Essência.
Bernardo Horta: Há no Brasil algum centro de divulgação das mensagens de Sai Baba?
Prof. Hermógenes: Sim, já fundamos o primeiro centro no Rio de Janeiro. Está localizado na Rua Pereira Nunes, 310, no bairro de Vila Isabel. Aos domingos, às 17 horas, há cânticos, seguidos do ritual do Arati (fogo), a distribuição do Vibhuti…
Medicina Holística
Bernardo Horta: Professor, agora vamos falar um pouco do seu trabalho. O que é a Medicina Holística?
Prof. Hermógenes: É a Medicina que cuida do homem na sua integridade, sem se restringir apenas a cuidar do corpo físico. Até então, a Medicina tem se contentado em tratar do corpo, e isso significa o mesmo que consertar o piano e esquecer de cuidar do pianista. E um pianista ruim com um piano excelente não produz nada. Por isso, a proposta holística vê o homem como um sistema completo. E, nesse sentido, o Yoga é a terapia ideal.
Bernardo Horta: Por que ideal?
Prof. Hermógenes: A experiência desse método está no seguinte: não é propriamente um tratamento, e sim um treinamento, e isso faz uma grande diferença. Num tratamento, supõe-se uma dualidade – de um lado o terapeuta (ou médico) e de outro o paciente. A palavra paciente indica que alguém está recebendo passivamente, sem nada fazer, nem dar. Na Yogaterapia não existe a figura do paciente, pois cada um deve desenvolver um treinamento sobre si mesmo, sendo simultaneamente terapeuta e atuante. Ambos são um só, e assim despacientiza-se a Medicina.
Bernardo Horta: Quais seriam as consequências?
Prof. Hermógenes: Há imensas e boas consequências. Primeiramente, gera uma coisa preciosa: a autoconfiança, acabando com a dependência de medicamentos, massagens, agulhas, práticas aplicadas por outrem em você… A Yogaterapia é o treinamento do homem-todo, um treinamento multi-frontal. Mas há uma série de coisas a fazer para dar ao corpo as melhores condições de performance e duração de bem-estar. Trata-se de um trabalho sobre o físico, o energético, sobre as emoções (sentimentos, sensualidade, sensibilidade), sobre os pensamentos e um trabalho em busca da união com Logos, com Deus. Isso tudo realiza-se simultaneamente, sinergicamente: a ação unificada de todos esses níveis do ser.
Yogaterapia
Bernardo Horta: Como surgiu a Yogaterapia?
Prof. Hermógenes: Comecei a experimentar esse método primeiramente em mim, e depois o difundi através de meus livros. A Yogaterapia inaugurou uma nova era na minha vida, e por isso decidi passar o método adiante, mostrando que há uma forma da pessoa treinar-se de maneira natural, sem gastos, equipamentos ou parafernália médica.
Bernardo Horta: O Sr está se referindo à fase em que teve tuberculose e conseguiu se restabelecer através do Yoga?
Prof. Hermógenes: A tuberculose aconteceu antes e tratei-a com os recursos da Medicina da época. Repouso, medicamentos e alimentação em excesso, durante vários anos, conseguiram me tirar do buraco. Quando saí da infecção, estava doente, em decorrência do tratamento: gordo, balofo, envelhecido, sem flexibilidade e, o pior, cheio de limitações. Não podia tomar chuva, nem tomar Sol, cuidado com isso, cuidado com aquilo.. cheguei à conclusão de que não era mais viver, era um semiviver, sem graça. Então, chegou um livro de Yoga às minhas mãos. Pratiquei sozinho e me recuperei desse quadro. A obra, intitulada Sport und Yoga , de Selvarajan Yesudian e Elisabeth Haich, nem havia sido publicada em português (Yoga e Saúde, Editora Cultrix). Eu a li em francês. Essa minha experiência me fez um imenso bem e me convenci de que o Yoga é uma solução para a Humanidade, e por isso coloquei minha vida à disposição dessa causa, escrevendo livros, proferindo palestras, viajando…
Treinamento Antidistresse
Bernardo Horta: O Treinamento Anti-Distresse (TAD) e o método Yoga Para Nervosos (YPN) são aspectos da Yogaterapia?
Prof. Hermógenes: O estresse, em si, não é uma doença. É uma reação normal do sistema biológico aos estímulos externos. Se esses estímulos são ameaçadores, nosso organismo reage para se defender. Isso é o estresse, e ele não deve ser combatido, pois é um sinal de vida. É preciso saber administrar o estresse. Aqui na Academia Hermógenes lidamos com muitas pessoas estressadas, e fazemos com que atinjam uma situação de tranquilidade, que chamo de eutress. No princípio propus o treinamento com o nome Treinamento Anti-Estresse. Depois refleti melhor e hoje o denomino Treinamento Anti-Distresse. Distresse é o sofrimento físico e psíquico decorrente do estresse, quando mal administrado. A diferença entre o estresse e o distresse é que o primeiro é uma reação da vida, um alarme que soa para preservar a saúde do sujeito. O estresse, em si, não é uma desgraça, um inimigo; mas a incapacidade de enfrentá-lo permite que se transforme em distresse. Este último é a doença resultando do estresse mal administrado.
Bernardo Horta: E o método Yoga Para Nervosos?
Prof. Hermógenes: É quase igual ao Treinamento Antidistresse.
Bernardo Horta: Em suas obras, o Sr fala de egosclerose e do processo de desegoificação. O que significam esses conceitos?
Prof. Hermógenes: A Medicina vê com muita preocupação um outro tipo de esclerose, a obstrução dos condutos sanguíneos, que não permite o fluxo de sangue. A falta de desse fluxo é doença. Esta por sua vez é a antessala da morte. Há pessoas que são, verdadeiramente, diques de riqueza, e que desejam concentrar todo o dinheiro, todo o poder e todo o prazer. Essas criaturas são vítimas de uma doença chamada egosclerose, isto é, a hipertrofia e o endurecimento do ego, que não deixa a vida fluir. É o egoísta, que se supõe forte, mas que é extremamente fraco, pois sua felicidade está em não ser contrariado. E como a vida não tem o menor compromisso em não nos contrariar, todos eles são extremamente frágeis. A egosclerose faz de uma pessoa um ser extremamente apegado, odiento e amedrontado perante o mundo. São três coisas que nascem do ego hipertrofiado e que são geradoras das doenças, no plano psíquico. O terrorista, o corrupto e o viciado são egosclerosados. A egosclerose é a maior desgraça da Humanidade. A todos os nossos alunos de Yoga propomos: reduza o ego, reduza o amor a si mesmo, abstenha-se de seus apegos, de seus receios, de seus medos, liberte-se de seus ódios…
Bernardo Horta: O que é a psicocibernética?
Prof. Hermógenes: Cibernética é a ciência do governo dos sistemas. A psicocibernética é uma proposta de Maxwell Maltz, na qual você lida com o seu sistema psíquico, governando-o através de um artifício chamado autorretrato. Funciona demais. Aqui na Academia Hermógenes chegam pessoas que se abrem, revelando-se neuróticas e estando em sofrimento. Só dizem coisas negativas em relação a si mesmas, considerando-se inferiores e vencidas. O autorretrato de uma criatura dessas está baixíssimo, e tal como nós nos vemos nos tornamos. É um ciclo vicioso. Eu peço aos meus doentes de asma que quando aparecerem os primeiros sintomas da crise não façam nenhuma afirmação autodestrutiva, auto condenando-se. Eles devem dizer: “Agora vai ser diferente. Eu já não tenho medo disso. Já tenho outros recursos para enfrentá-lo. Vou triunfar sobre isso”. E esse autorretrato gera a autoconfiança, que faz o círculo virtuoso. Isso funciona para a impotência, resfriados, asma, úlcera, insônia… É a psicocibernética.
Bernardo Horta: E essa autoprogramação positiva deve ser feita durante a prática de Yoga e da meditação, em especial?
Prof. Hermógenes: A toda hora. E devemos estar alertas para desfazer condicionamentos antigos e fazer agora somente o que nos interessa. É verdade que no estado de relaxamento profundo nossa mente fica muito mais aberta à introjeção de nossas intenções (sankalpa). Devemos dizer: “eu e o Pai somos Um. Ninguém me vence porque a perfeição de Deus está em mim”. É uma afirmação universal, e quando ela opera a pessoa não fica boa apenas de uma doença ou mal-estar, mas liberta-se de tudo de uma vez.
Bernardo Horta: Num de seus livros, o Sr diz que Satã é sinônimo de sectarismo. O ecumenismo daria o tom desta Nova Era?
Prof. Hermógenes: A palavra ecumenismo já tem sofrido certas distorções e prefiro dizer “universalismo”. No Brasil, quando se fala de uma festa ecumênica, imagino um padre, um pastor e um rabino dizendo: “como é bom o ecumenismo, já que não entrou nenhum espírita aqui”. Não gosto desse ecumenismo, pois nele ainda existe uma participação daquela chamada tolerância religiosa. O sujeito, julgando-se superior, tem a “caridade” de “tolerar” os “erros religiosos” dos demais. Também a tolerância religiosa é um tipo de egosclerose. Eu devo amar a religião do outro e se o outro estiver amando uma Forma e um Nome de Deus que não correspondem aos meus, tenho a obrigação e desejo de amar a Deus na Forma e com o Nome que ele concebeu. A isso chamo de inclusivismo universalista.
Humildação
Bernardo Horta: Segundo o Sr, há dependentes de drogas, afeto, sucesso e sexo, e estes seriam os escravos modernos. Como abolir essa escravidão?
Prof. Hermógenes: Através da humildação. Atrás de tudo isso está um ego querendo poder, prazer e procurando status. O resultado é essa desgraceira toda, nos outros e nele próprio. A dependência é o império do ego.
Bernardo Horta: O Sr observa que no prazer há um risco de perdição e que a dor seria um caminho de evolução. Não haveria um risco de culto ao sofrimento, como já houve em certa fase cristã?
Prof. Hermógenes: Claro que sim. Há o risco do masoquismo, e é por isso que nos meus livros faço tantos alertas. É preciso lutar com todas as forças que você tem, mas quando todas as forças falharem e a dor envolver você, aceite a dor. Entregue o seu sofrimento a Deus. E não espere alívio Dele. Espere o que Ele mandar. O esforço do Yoga da sabedoria é vencer a ignorância, para que você se deslumbre e se liberte ao descobrir aquilo que você é, que é Deus. Nós somos Deuses. Somos a Divindade.
Bernardo Horta: Para o Sr, Deus é essencialmente bom, e o aspecto negativo da ação cósmica ficaria por conta da Lei do Karma. Não haveria mal em Deus? Satã não pertence ao corpo da Divindade?
Prof. Hermógenes: Pertence. Satã também é Deus, mas é o aspecto contrário criado por nós. Satã é resultado de nossa ignorância. É o corrupto, o pistoleiro, o que massacra crianças, é aquele que força uma jovem desamparada… Mas esse também é Deus. O pior dos facínoras só aparentemente é facínora, porque na essência ele é Deus. É duro entender isso, mas como nos traz alívio, e a possibilidade de amar e solucionar as coisas.
Hecatombe e metanoia
Bernardo Horta: Como sair dos atuais impasses?
Prof. Hermógenes: Para que não haja o caminho de volta, é preciso atingir um ponto de sofrimento maior, o ponto de mutação, e a Humanidade está passando agora por isso. Tudo está se esboroando. Não só no Brasil. Estamos na hora da agonia. Já vivemos a hecatombe… não é necessário uma onda de 60 metros. Mas a própria juventude já sente dentro de si uma convocação para algo diferente. As drogas levaram à servidão, o sexo selvagem resultou em AIDS… Está na hora da Humanidade despertar para a caminhada de volta. Estamos assistindo a um fenômeno que os gregos denominam metanoia, ou seja, a mudança da mente. Isso já está ocorrendo. Estamos saindo das trevas e há muita manifestação de amor nesta hora. Espero que essa entrevista toque o coração de muita gente, e que eles possam fazer sua metanoia, voltando para Deus, pois Ele está de braços abertos.
O segredo da humildação: ser humilde sem ser humilhado
Profundo admirador de Mahatma Gandhi, o professor Hermógenes compartilha com o mestre indiano a proposta da Não-violência (Ahimsa). Segundo ele, a superação do ego nos conduz à Divindade. E a melhor maneira para conseguirmos isso é a prática da humildação.
Bernardo Horta: Como libertar-se do sofrimento, professor?
Prof. Hermógenes: Através da humildação (com d e não com h). Quem se humilda jamais se humilha e jamais é humilhado. E a perda do ego nos coloca nos braços de Deus. O desegoificado é aquele que abriu mão do ego. E ele é feliz, porque largou a carga pesada. O amor que temos a nós mesmos é uma carga pesadíssima. É uma cruz em nossas costas. Quando nos libertamos do ego, encontramos aquilo que realmente somos, a própria Divindade. Isso precisa chegar às pessoas. E, se isso acontecer, a sociedade no mínimo vai mudar. Não haverá mais corruptos, ditadores, esta crueldade generalizada que está aí.
Bernardo Horta: Como desegoificar-se, sem sucumbir à cultura e à escala de valores dessa atual Humanidade? O sujeito desegoificado não pode cair na loucura ou na alienação?
Prof. Hermógenes: Quando nós nos humildamos já somos vitoriosos, pois ninguém nos humilha. Quando eu me humildo, vou à batalha, não com as minhas próprias e ilusórias forças, mas sim com as verdadeiras e infinitas forças do Deus que eu sou. Nos relacionamentos, temos de travar nossa batalha, mas naquela posição em que Mahatma Gandhi tão bem viveu: Ahimsa (o Convite à Não-violência). Ao travar minhas batalhas, não agrido ninguém e não firo. E, pelo fato de agredir, também não sou agredido. Muitas vezes, um pedido de desculpas, que é produto da humildação, alcança um resultado muito maior do que o daquele que geralmente se usa: “você não sabe com quem está falando!”.
Místico, poeta e filósofo
Professor Hermógenes (1921-2015) em 1999
Autor do primeiro livro sobre Yoga escrito por um brasileiro, na sua 33a edição em agosto de 1993, José Hermógenes de Andrade Filho, coronel reformado e ex-professor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, tornou-se um dos mais conhecidos professores de Yoga do nosso país. Com mais de 25 livros publicados, o Professor Hermógenes, como é chamado por seus alunos e leitores, fundou, há mais de 30 anos, a Academia que leva seu nome, localizada no Centro da cidade do Rio de Janeiro.
Foi vice-presidente da Sociedade Teosófica do Brasil, em 1975. “Entendo a Teosofia pelo seu conceito original, essencial e verdadeiro. Vejo que ela é a mesma coisa que Sanathana Dharma (ou Prajña). É a Lei Eterna, a sabedoria que liberta. A Teosofia arrumou minha cabeça e me ensinou a viver, simultaneamente, o Hinduísmo, o Budismo e o Cristianismo. Isso me facilitou entender que as religiões são ramos diferentes de uma só árvore, que se alimenta de uma mesma seiva”, diz ele.
Em 1992 Hermógenes lançou seu novo livro, Saúde Plena: Yogaterapia. Para o Professor, essa obra é um manual que sintetiza o seu método.

Capa do livro Saúde Plena com Yogaterapia (1992), do Professor Hermógenes (1921-2015)
- Originalmente publicada na revista Ano Zero, nº 28, de agosto de 1993, e digitada por Cristiano Bezerra (1971-) para este blog, Yoga Pleno, em 23 de dezembro de 2001. Visite o site do Instituto Hermógenes em institutohermogenes.com.br [↩]
- Maria Bicalho veio a falecer no início de fevereiro de 2001, 8 anos e 8 dias após esse acidente. (Nota do Digitador/Editor) [↩]
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