Tapas, a austera disciplina
Professor Hermógenes (1921-2015) (1)
“Entrai pela porta estreita;
porque larga é a porta e espaçosa a estrada que conduz à destruição,
e muitos são os que entram por ela;
ao passo que é estreita a porta e apertada a estrada que conduz à Vida,
e poucos são os que a acham.”
Mateus, 7:13-14
Se o caminhante tem as pernas frágeis para tão longo e duro caminho, deve fortalecê-las antes de começar a andar.
Quanto os Mestres aconselham – pratiquem tapas – estão querendo salvar os caminhantes de uma provável derrota.
Eles têm visto muitos, que partiram afoitos e foram batidos pelas árduas provas na estrada.
A estrada não é para os que cedem às fadigas, aos desconfortos, às ciladas, aos desafios, às barreiras…
A estrada não é para os indisciplinados, para os que amam o conforto, para os entregues aos prazeres sensuais, para dengosos e lânguidos, para mofinos e covardes…
O yogin, praticando tapas, queima, no fogo da austeridade, as sementes da impureza. E se defende de todos os cansaços, desânimos, preguiças, fossos e fossas.
Sem discernimento (viveka), a prática de tapas degenera em ascetismo masoquista, em mortificações e em auto-agressões que danificaram o corpo e a mente de tantos religiosos do passado.
Tapas é para dar ao corpo higidez, energia e resistência e para prolongar-lhe juventude e vida. Para isso é que o Hatha Yoga foi pelos mestres ensinado. Hatha Yoga é para aprimorar o corpo como um instrumento, mas os vaidosos usam-no com fins narcísicos. Tapas não é para maltratar o organismo. Não é para desenvolver faquirismo ou doenças mortais.
Entre o sibarita, distraído nos prazeres de cama e mesa, se corrompendo e diluindo as forças, e o asceta masoquista agredindo o corpo com autoflagelação, tapas é o “caminho do meio“, do equilíbrio e da dignificação.
Para o yogin, o “corpo é o templo do Espírito Santo”. Tapas conserta, aprimora e purifica o templo. É obrigação de todo devoto, seja qual for a religião.
Pobre do yogin que teme e detesta a dor. O ignorante não sabe que a dor leciona, retifica, desperta, desafia a crescer, fortalece e liberta.
Diante da dor, o yogin não tenta fugir nem se rebela. Tudo ele faz no sentido de evitá-la, e, atendendo às sábias leis da Natureza, procura minorá-la. Efetivamente, os analgésicos reduzem ou disfarçam a dor superficial. Mas, e a dor existencial cósmica (dukha)?!… Que pode extingui-la senão a iluminação?!…
O asceta, praticando tapas, aceita a cruz, desde que seja inevitável. E, com a cruz, caminha. Sem protestar. Sem reclamar. Sem pretender escapar.
Um grande e invencível heroísmo é indispensável a todo discípulo de Cristo, seguidor de Buddha, devoto de Krishna…
» por “Entrai pela porta estreita;
porque larga é a porta e espaçosa a estrada que conduz à destruição,
e muitos são os que entram por ela;
ao passo que é estreita a porta e apertada a estrada que conduz à Vida,
e poucos são os que a acham.”
Mateus, 7:13-14
Se o caminhante tem as pernas frágeis para tão longo e duro caminho, deve fortalecê-las antes de começar a andar.
Quanto os Mestres aconselham – pratiquem tapas – estão querendo salvar os caminhantes de uma provável derrota.
Eles têm visto muitos, que partiram afoitos e foram batidos pelas árduas provas na estrada.
A estrada não é para os que cedem às fadigas, aos desconfortos, às ciladas, aos desafios, às barreiras…
A estrada não é para os indisciplinados, para os que amam o conforto, para os entregues aos prazeres sensuais, para dengosos e lânguidos, para mofinos e covardes…
O yogin, praticando tapas, queima, no fogo da austeridade, as sementes da impureza. E se defende de todos os cansaços, desânimos, preguiças, fossos e fossas.
Sem discernimento (viveka), a prática de tapas degenera em ascetismo masoquista, em mortificações e em auto-agressões que danificaram o corpo e a mente de tantos religiosos do passado.
Tapas é para dar ao corpo higidez, energia e resistência e para prolongar-lhe juventude e vida. Para isso é que o Hatha Yoga foi pelos mestres ensinado. Hatha Yoga é para aprimorar o corpo como um instrumento, mas os vaidosos usam-no com fins narcísicos. Tapas não é para maltratar o organismo. Não é para desenvolver faquirismo ou doenças mortais.
Entre o sibarita, distraído nos prazeres de cama e mesa, se corrompendo e diluindo as forças, e o asceta masoquista agredindo o corpo com autoflagelação, tapas é o “caminho do meio“, do equilíbrio e da dignificação.
Para o yogin, o “corpo é o templo do Espírito Santo”. Tapas conserta, aprimora e purifica o templo. É obrigação de todo devoto, seja qual for a religião.
Pobre do yogin que teme e detesta a dor. O ignorante não sabe que a dor leciona, retifica, desperta, desafia a crescer, fortalece e liberta.
Diante da dor, o yogin não tenta fugir nem se rebela. Tudo ele faz no sentido de evitá-la, e, atendendo às sábias leis da Natureza, procura minorá-la. Efetivamente, os analgésicos reduzem ou disfarçam a dor superficial. Mas, e a dor existencial cósmica (dukha)?!… Que pode extingui-la senão a iluminação?!…
O asceta, praticando tapas, aceita a cruz, desde que seja inevitável. E, com a cruz, caminha. Sem protestar. Sem reclamar. Sem pretender escapar.
Um grande e invencível heroísmo é indispensável a todo discípulo de Cristo, seguidor de Buddha, devoto de Krishna…
Leia na sequência:
Yoga, caminho para Deus
Os gurus ensinam: viveka, vairagya e mumukshutvam
Modos e meios
Svadhyaya, a busca do Ser
Tapas, a austera disciplina
Ishvarapranidhana, a entrega a Deus
Bhakti Yoga, o amor que liberta
Karma Yoga, a ação que liberta
Jñana Yoga, a sabedoria que liberta
Exercício de Vedanta
Sadhana, o caminho
- Texto extraído das páginas 75 a 79 da 12a edição, de 1996, do livro Yoga: caminho para Deus (1984), do Professor Hermógenes (1921-2015), Editora Nova Era, Rio de Janeiro, digitado por Cristiano Bezerra em 17 de junho de 2001 e também publicado em yoga.pro.br. Visite o site do Instituto Hermógenes em institutohermogenes.com.br [↩]
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