Modos e meios
Professor Hermógenes (1921-2015) (1)
Há modos diferentes para se vencer as distâncias na estrada para Deus.
“O yogi, dessa maneira, com a mente controlada, une-se ao Atman
e obtém a paz que culmina em Nirvana, a paz que existe em Mim.”
Bhagavad Gita, VI:15
Se o que nos afasta de Deus e nos vincula ao mundo é nosso imperfeito amar ou nossa incapacidade para o verdadeiro amor, nosso caminhar deve primordialmente ser um aperfeiçoamento nosso para a universalização e purificação do amor.
Na medida em que aprendermos a perder nosso eu na delícia de um amor cósmico e imaculado, estamos sendo libertados, curados e salvos pelo amor. E isso se chama Bhakti Yoga.
Se o que nos prende, nos perturba, nos enfraquece e ofusca é nosso agir sem sabedoria e sem amor, teremos de aprimorar nosso trabalho, nossa profissão, nosso comportamento, nosso relacionamento, nossa atuação…
A salvação está em divinizarmos nossos pensamentos, nossos desejos, nossas palavras, nossos atos e omissões, e, assim, através da vida prática dentro do mundo, libertar-nos dele.
O agir que liberta é Karma Yoga.
Se o que nos separa de Deus é o grosso e pesado biombo da ilusão, que nos faz ignorar Deus (nossa Essência) e nos compromete com o eu (nossa existência) ávido de prazeres e amedrontado diante da dor, temos de aprimorar nosso saber.
Vencida a infernal opacidade do biombo, desvelada a Verdade-Realidade, que as aparências não deixavam ver, constatamos, em processo redentor, que “eu e o Pai” não são dois, pois só existe o Pai-Uno.
Jñana Yoga é esse reduzir distâncias nas asas mágicas da Luz.
Amando, servindo e sabendo, o yogin, intimorato e decisivo, reintegra-se, unifica-se e se une ao Todo e diz, como São Paulo: “Já não sou eu. É o Cristo que vive em mim”.
Amar, adorar, trabalhar, servir, estudar, meditar e viver, cada instante e onde estiver, uma disciplina yogin é cumprir o sadhana.
Sadhaka é o yogin cumprindo seu papel no mundo, que é valorizar a oportunidade de existir, empregando, consciente e voluntariamente, o “talento” confiado, o dom da existência, para tornar-se Essência. E isso está a seu alcance, e é seu dever (dharma). O amado Jesus, Mestre incomparável, recomendou-nos, a todos nós (sadhakas): “Sede perfeitos, como perfeito é o Pai do Céu”.
Os meios de que dispõe o sadhaka são: seu corpo, sua sensibilidade e sua mente.
A caminhada é árdua. Os obstáculos são muitos. Os desvios se repetem.
Como pode chegar ao destino um caminhante sem resistência, sem tenacidade, necessitado de conforto, luxúria, repouso e ócio?!…
O corpo deve ser sadio e forte. Os sentidos controlados. A mente pura, ativa, concentrada e limpa.
Sem a prática de tapas, disciplina que purifica e vence conforto, sensualidade e fadiga; sem uma grande dose de resistência contra a dor… que avanços pode o caminhante fazer?!
A sabedoria dos Mestres recomenda: tapas!
A vitória sobre todas as formas de enganos – apetecíveis ou temíveis – e o desvelamento progressivo da Luz-Verdade-Ser-Realidade é um cuidado constante do sadhaka. Onde o Ser-Real? Que é a Verdade?
O afastamento das nuvens que escondem o Sol é uma aspiração e um ato perene do aspirante.
Meditando, contemplando, estudando, perquirindo, buscando, buscando… o sadhaka pratica svadhyaya.
Outro meio que abre ao sadhaka as portas do êxito espiritual é o entregar-se a Deus.
Ishvarapranidhana é viver confiante, irreversivelmente rendido, dado, entregue à Lei, ao Amor e à Sabedoria de Deus.
É o que pode transformar impotência em Onipotência, carência em Plenitude, tristeza em Alegria, limitação em Infinitude…
Amando, servindo e pesquisando, fortalecendo-se, estudando e entregando-se a Deus, o sadhaka avança para a Glória; conquista a Redenção.
Isso é Yoga.
» por Há modos diferentes para se vencer as distâncias na estrada para Deus.
“O yogi, dessa maneira, com a mente controlada, une-se ao Atman
e obtém a paz que culmina em Nirvana, a paz que existe em Mim.”
Bhagavad Gita, VI:15
Se o que nos afasta de Deus e nos vincula ao mundo é nosso imperfeito amar ou nossa incapacidade para o verdadeiro amor, nosso caminhar deve primordialmente ser um aperfeiçoamento nosso para a universalização e purificação do amor.
Na medida em que aprendermos a perder nosso eu na delícia de um amor cósmico e imaculado, estamos sendo libertados, curados e salvos pelo amor. E isso se chama Bhakti Yoga.
Se o que nos prende, nos perturba, nos enfraquece e ofusca é nosso agir sem sabedoria e sem amor, teremos de aprimorar nosso trabalho, nossa profissão, nosso comportamento, nosso relacionamento, nossa atuação…
A salvação está em divinizarmos nossos pensamentos, nossos desejos, nossas palavras, nossos atos e omissões, e, assim, através da vida prática dentro do mundo, libertar-nos dele.
O agir que liberta é Karma Yoga.
Se o que nos separa de Deus é o grosso e pesado biombo da ilusão, que nos faz ignorar Deus (nossa Essência) e nos compromete com o eu (nossa existência) ávido de prazeres e amedrontado diante da dor, temos de aprimorar nosso saber.
Vencida a infernal opacidade do biombo, desvelada a Verdade-Realidade, que as aparências não deixavam ver, constatamos, em processo redentor, que “eu e o Pai” não são dois, pois só existe o Pai-Uno.
Jñana Yoga é esse reduzir distâncias nas asas mágicas da Luz.
Amando, servindo e sabendo, o yogin, intimorato e decisivo, reintegra-se, unifica-se e se une ao Todo e diz, como São Paulo: “Já não sou eu. É o Cristo que vive em mim”.
Amar, adorar, trabalhar, servir, estudar, meditar e viver, cada instante e onde estiver, uma disciplina yogin é cumprir o sadhana.
Sadhaka é o yogin cumprindo seu papel no mundo, que é valorizar a oportunidade de existir, empregando, consciente e voluntariamente, o “talento” confiado, o dom da existência, para tornar-se Essência. E isso está a seu alcance, e é seu dever (dharma). O amado Jesus, Mestre incomparável, recomendou-nos, a todos nós (sadhakas): “Sede perfeitos, como perfeito é o Pai do Céu”.
Os meios de que dispõe o sadhaka são: seu corpo, sua sensibilidade e sua mente.
A caminhada é árdua. Os obstáculos são muitos. Os desvios se repetem.
Como pode chegar ao destino um caminhante sem resistência, sem tenacidade, necessitado de conforto, luxúria, repouso e ócio?!…
O corpo deve ser sadio e forte. Os sentidos controlados. A mente pura, ativa, concentrada e limpa.
Sem a prática de tapas, disciplina que purifica e vence conforto, sensualidade e fadiga; sem uma grande dose de resistência contra a dor… que avanços pode o caminhante fazer?!
A sabedoria dos Mestres recomenda: tapas!
A vitória sobre todas as formas de enganos – apetecíveis ou temíveis – e o desvelamento progressivo da Luz-Verdade-Ser-Realidade é um cuidado constante do sadhaka. Onde o Ser-Real? Que é a Verdade?
O afastamento das nuvens que escondem o Sol é uma aspiração e um ato perene do aspirante.
Meditando, contemplando, estudando, perquirindo, buscando, buscando… o sadhaka pratica svadhyaya.
Outro meio que abre ao sadhaka as portas do êxito espiritual é o entregar-se a Deus.
Ishvarapranidhana é viver confiante, irreversivelmente rendido, dado, entregue à Lei, ao Amor e à Sabedoria de Deus.
É o que pode transformar impotência em Onipotência, carência em Plenitude, tristeza em Alegria, limitação em Infinitude…
Amando, servindo e pesquisando, fortalecendo-se, estudando e entregando-se a Deus, o sadhaka avança para a Glória; conquista a Redenção.
Isso é Yoga.
Leia na sequência:
Yoga, caminho para Deus
Os gurus ensinam: viveka, vairagya e mumukshutvam
Modos e meios
Svadhyaya, a busca do Ser
Tapas, a austera disciplina
Ishvarapranidhana, a entrega a Deus
Bhakti Yoga, o amor que liberta
Karma Yoga, a ação que liberta
Jñana Yoga, a sabedoria que liberta
Exercício de Vedanta
Sadhana, o caminho
- Texto extraído das páginas 40 a 43 da 12ª edição, de 1996, do livro Yoga: caminho para Deus (1984), do Professor Hermógenes (1921-2015), Editora Nova Era, Rio de Janeiro, digitado por Cristiano Bezerra em 14 de junho de 2001 e também publicado em yoga.pro.br. Visite o site do Instituto Hermógenes em institutohermogenes.com.br [↩]
Comentários
Modos e meios — Nenhum comentário
HTML tags allowed in your comment: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>