Documentário Hermógenes – Deus me Livre de ser Normal (2005)

capa do DVD Hermógenes – Deus me Livre de ser Normal (2005)
A partir de depoimentos de personalidades como a cantora Elba Ramalho, o escritor Pierre Weill, o teólogo Leonardo Boff, os artistas multimídia Rogério Duarte e Bené Fonteles, os espíritas Chico Xavier e Divaldo Franco, o padre católico Zezinho e o músico Alberto Marsicano, bem como de presidiários e outros que ao longo dos anos travaram contato com suas ideias, o documentário desvela a visão de mundo particular de Hermógenes, assim como do Yoga que ele desenvolveu no país.
Violência, depressão, angústia, ansiedade, medo, solidão, hipocondria, dependências químicas, estresse, cardiopatias, egoísmo, psicose, neurose, diabete, hipertensão, paranoia, câncer, AIDS. Esse é quadro patológico da humanidade. Reconhecer a raiz mestre de tanta dor e sofrimento, administrar o estresse, treinar o corpo, a mente e o espírito para a superação dessa ausência de Vida é o que o mestre de Yoga, escritor e poeta Professor Hermógenes – ao longo de meio século de estudos e experiências – vem ensinando, libertando assim indivíduos do caos, do suicídio, das doenças, da alienação, da prisão material e da morte.
Hermógenes – Deus me Livre de ser Normal é o título do documentário sobre a vida e o poder terapêutico e transformador da obra desse escritor. Acomodar em 55 minutos os 84 anos de uma vida dinâmica e devotada à prática do bem é a principal virtude do filme, roteirizado e dirigido pelo fotógrafo Marcelo Buainain.
Nas primeiras cenas, Hermógenes é apresentado em contato com a exuberante natureza da cidade onde nasceu e gozou a sua infância, a bela Natal, capital do Rio Grande do Norte. No decorrer de uma narrativa poética e autobiográfica, interpretada na voz off do ator Carlos Vereza, o mestre em Yoga caminha sobre as dunas, e nas águas do litoral potiguar mergulha e medita. Uma sucessão de depoimentos, frases e detalhes da vida de Hermógenes costuram e entrecortam a narrativa poética, revelando assim vários aspectos biográficos desse grande mestre, considerado o introdutor do Yoga no Brasil e o pioneiro em Medicina Holística.
O roteiro e a montagem do filme impregnam uma dinâmica especial, principalmente pelo valor emocional e pela fidelidade documental atestada por personalidades de diversas áreas, tais como a cantora Elba Ramalho, o escritor Pierre Weill, o teólogo Leonardo Boff; os artistas multimídia Rogério Duarte e Bené Fonteles; os espíritas Chico Xavier e Divaldo Franco, o padre católico Zezinho e o músico Alberto Marsicano, entre tantos outros que declaram e elucidam a importância da obra de Hermógenes para a humanidade.
O filme é estimulante quando mostra como os livros do professor Hermógenes e as suas técnicas de Yogaterapia provocam transformações nas vidas das pessoas. Cartas de leitores, reportagens em um abrigo de idosos, depoimentos de prisioneiros desvelam e confirmam o poder terapêutico do método Hermógenes. Da mesma forma impressionante é o grau de devoção e as aulas de Yoga ministradas no interior de um presídio pelo presidiário discípulo de Hermógenes, Luiz Henrique Gusson. Outros momentos tão significativos ficam por conta dos depoimentos de pessoas comuns que tiveram suas vidas transformadas pelo Yoga. Elementos como Divaldo Cunha, proprietário de um bar na Paraíba, que se libertou da dependência química através do Yoga; Ramiro Rebouças, que enfrentou uma grave depressão e escapou de um suicídio graças à meditação e aos ensinamentos de Hermógenes; Paulo Roberto, vítima de um choque elétrico que o levou à cegueira, autor de uma das mais incríveis confissões do filme: “Com o Yoga encontrei Deus, agora que sou cego eu vejo muito e de verdade; antes, eu via mas não enxergava.”
Deus me Livre de ser Normal mostra ainda detalhes da vida de Hermógenes em Natal, como o seu primeiro emprego de lanterninha no Teatro Alberto Maranhão; sua devoção pelas dunas; sua passagem pelo exército; sua migração da pobreza para a beleza interior. A vida do mestre yogi que saiu das alvas dunas de Natal e alcançou o mais alto pico do Himalaia pode ser resumida na feliz frase do orador espírita Divaldo Franco, “a sua vida é um apostolado”. Assistindo atentamente a tão belo filme, percebe-se um fio condutor entre todos os depoimentos, fio esse que carrega com positiva eletricidade, a certeza de que ele, o professor Hermógenes, atingiu a meta.
Currículo resumido do diretor
Marcelo BUAINAIN nasceu a 11 de Dezembro de 1962, na cidade de Campo Grande, MS. Ex-acadêmico de Medicina, abandonou o 5º ano do curso para se dedicar exclusivamente à fotografia, consolidando então uma trajetória edificada em diversas áreas. Em meados de 80, quando dava os primeiros passos profissionais, à serviço da publicação espanhola EL Paseante, conheceu um vizinho muito especial, o poeta sul mato-grossense Manuel de Barros, cuja obra o inspirou e o influenciou profundamente. Buainain, a partir desse íntimo contato com o poeta, elegeu como o seu tema predileto o pantanal, onde ali viveu documentando a exuberância da região. As imagens coloridas produzidas pelo fotógrafo ganharam asas e foram largamente difundidas em publicações nacionais e estrangeiras, contribuindo inclusive na divulgação da obra do poeta “pantaneiro”, na ocasião desconhecida pela mídia e grande público.
Anos 90
Frustrado com as diretrizes do governo Collor, Marcelo Buainain deixa o Brasil para se radicar na Europa, estabelecendo-se em Paris e Lisboa, onde viveu 10 anos. Especializou-se em retratos e através de suas objetivas celebridades e diretores do cinema internacional foram fotografadas, destacando-se os cineastas Wim Wenders, Pedro Almodôvar e Bernardo Bertolucci. Em meados da década de 90 o fotógrafo, andarilho e inquieto, troca o universo dos “famosos” pelos anônimos. Buainain se lança de corpo e alma na fotografia documental, percorrendo o Egito, Brasil, Marrocos, Venezuela e Índia, onde realizou uma série de fotografias sobre a cultura Hindu, recebendo por esse trabalho, em 1998, os prêmios Máximo de Fotografia atribuído pela II Bienal Internacional de Fotografia da Cidade de Curitiba e a Medalha de Ouro – Society for News Design – USA. Novas incursões pelo oriente foram realizadas pelo fotógrafo, o que o levou a publicar na Europa o seu segundo livro, “Índia – Quantos Olhos tem uma Alma”.
O Redescoberta das Raízes Brasileiras
Foi no espírito das comemorações do 500 anos de chegada dos Portugueses ao Brasil que Marcelo Buainain realizou um ensaio sócio-étnico-documental sobre o estado da Bahia, culminando assim com uma exposição em Portugal e a publicação do seu 3º livro, “Bahia – Saga e Misticismo”. Segundo o fotógrafo, esse projeto o possibilitou redescobrir suas raízes brasileiras, motivando-o a direcionar o seu foco para temas exclusivos de caráter religiosos e ecumênicos. Hoje, a sua obra integra acervos de museus nacional e europeu e tem sido objeto de estudo no meio acadêmico.
Uma nova linguagem
Em 2004 o fotógrafo parte para a sua primeira experiência na área de vídeo, realizando e produzindo o documentário, Do Lodo ao Lótus, cujo tema trata da transformação espiritual de a partir de um livro de Yoga de autoria do professor Hermógenes. Nesse mesmo ano, no âmbito do II Concurso DOCTV, o roteiro HERMÓGENES – DEUS me livre de ser NORMAL, de autoria de Marcelo Buainain, representa o Estado do Rio Grande do Norte e é selecionado para ser produzido por ele.
Atualmente Marcelo Buainain vive em uma zona rural a 50 km da capital do RN, onde divide o seu tempo entre a família, a produção de novos documentários, livros e oficinas de fotografia.
Moro em Campina Grande, PB, e realmente, através das práticas de Hatha Yoga, consegui êxito na minha vida, tendo, como mestre iluminado, o meu grande guru, Professor Hermógenes. O Reino de Deus está dentro de mim.
Que maravilha, Edvaldo! Muitíssimo grato por esse teu depoimento aqui!