Yoga e fé
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Entre os dias 3 e 6 de setembro de 1998 foi realizado, no Rio de Janeiro, o IX Congresso Brasileiro de Yoga. Entre as atividades realizadas, houve uma mesa redonda sobre Bhakti Yoga, onde representantes de várias correntes religiosas se encontraram e discursaram maravilhosamente sobre a vida espiritual e a relação com Deus. O Padre Zezinho, não podendo comparecer, enviou – para ser lido – o texto transcrito a seguir.
Muita gente me pergunta se um cristão pode praticar Yoga, que muita gente inadvertidamente identifica com religião ou filosofia estranha. Não falta, inclusive, quem combata o Yoga como caminho que, segundo eles, pode afastar alguém da fé.
Dou meu depoimento como padre católico. Aprendi o Yoga, e num tempo em que precisei de maneira especial dessa disciplina para superar extrema tensão e cansaço. As leituras dos livros do Professor Hermógenes, a quem mais tarde conheci e a quem muito prezo, foram, sem sombra de dúvida, um caminho que até hoje me devolvem o controle de mim mesmo em situações difíceis. Com a Bíblia, tornaram-se meu jeito de trabalhar mais sem somatizar demais.
Em nenhum momento, ninguém nem livro algum de Yoga me influenciou negativamente ou desviou minha fé em Jesus e na minha Igreja. Só cresci com essa disciplina.
Hoje, quando me perguntam sobre o Yoga, digo que é um conceito de vida rico de sabedoria, não importa de onde ou de quem tenha vindo, porque sei que nele está o dedo de Deus. Distingo entre o Yoga e algum divulgador que possa trair a disciplina. O verdadeiro mestre de Yoga é como o verdadeiro pregador do Cristianismo. Oferece um caminho e respeita os passos e a direção de quem o ouve. Se alguma vez o Yoga influenciou algum cristão, imagino que não tenha sido para o erro. A pessoa provavelmente já estava confusa. Yoga e Cristianismo são duas disciplinas que só me fizeram bem. Continuo pregador sereno e fiel à minha Igreja e tudo o que li e aprendi jamais me levou ao conflito. Fiz minhas escolhas como S. Paulo, que soube aprender e até elogiar outras culturas.
Cristãos serenos aprendem com a serenidade dos outros. Os menos serenos procuram com lente de aumento os defeitos dos outros e fazem de tudo para não aprender. Gostam muito de ensinar, mas negam-se a aprender. E isso não deixa de ser um tipo de fanatismo. Nunca tive dificuldade em assimilar o que é bom de todas as filosofias e práticas de outros povos. Nunca foi preciso fazer concessões à minha fé em Jesus.
Quando alguns católicos me perguntam se podem praticar Yoga, pergunto se alguma vez já jogaram futebol ou fizeram ginástica. Respondem que si. Assimilaram essas atividades e nem por isso deixaram de ser cristãos. Lembro que o Yoga tem conceitos vindos de outras culturas, mas que podemos tranquilamente adaptar ao nosso modo cristão de ver a vida. O Cristianismo tem muito a ensinar, mas tem muito aprender com outras culturas. Ser evangelizado subentende isso. Saber elogiar as flores dos outros e até plantá-las no próprio jardim. O Yoga é uma dessas riquezas que fazem bem, quando a cabeça é boa e o coração sereno.
O mundo está cheio de gente sábia. O Professor Hermógenes e seus amigos sabem o quanto eu respeito a sua sabedoria. O mundo teria mais saúde física e mental se os ouvisse.
Que Deus os ilumine!
» por Padre Zezinho (1941-) (Entre os dias 3 e 6 de setembro de 1998 foi realizado, no Rio de Janeiro, o IX Congresso Brasileiro de Yoga. Entre as atividades realizadas, houve uma mesa redonda sobre Bhakti Yoga, onde representantes de várias correntes religiosas se encontraram e discursaram maravilhosamente sobre a vida espiritual e a relação com Deus. O Padre Zezinho, não podendo comparecer, enviou – para ser lido – o texto transcrito a seguir.
Muita gente me pergunta se um cristão pode praticar Yoga, que muita gente inadvertidamente identifica com religião ou filosofia estranha. Não falta, inclusive, quem combata o Yoga como caminho que, segundo eles, pode afastar alguém da fé.
Dou meu depoimento como padre católico. Aprendi o Yoga, e num tempo em que precisei de maneira especial dessa disciplina para superar extrema tensão e cansaço. As leituras dos livros do Professor Hermógenes, a quem mais tarde conheci e a quem muito prezo, foram, sem sombra de dúvida, um caminho que até hoje me devolvem o controle de mim mesmo em situações difíceis. Com a Bíblia, tornaram-se meu jeito de trabalhar mais sem somatizar demais.
Em nenhum momento, ninguém nem livro algum de Yoga me influenciou negativamente ou desviou minha fé em Jesus e na minha Igreja. Só cresci com essa disciplina.
Hoje, quando me perguntam sobre o Yoga, digo que é um conceito de vida rico de sabedoria, não importa de onde ou de quem tenha vindo, porque sei que nele está o dedo de Deus. Distingo entre o Yoga e algum divulgador que possa trair a disciplina. O verdadeiro mestre de Yoga é como o verdadeiro pregador do Cristianismo. Oferece um caminho e respeita os passos e a direção de quem o ouve. Se alguma vez o Yoga influenciou algum cristão, imagino que não tenha sido para o erro. A pessoa provavelmente já estava confusa. Yoga e Cristianismo são duas disciplinas que só me fizeram bem. Continuo pregador sereno e fiel à minha Igreja e tudo o que li e aprendi jamais me levou ao conflito. Fiz minhas escolhas como S. Paulo, que soube aprender e até elogiar outras culturas.
Cristãos serenos aprendem com a serenidade dos outros. Os menos serenos procuram com lente de aumento os defeitos dos outros e fazem de tudo para não aprender. Gostam muito de ensinar, mas negam-se a aprender. E isso não deixa de ser um tipo de fanatismo. Nunca tive dificuldade em assimilar o que é bom de todas as filosofias e práticas de outros povos. Nunca foi preciso fazer concessões à minha fé em Jesus.
Quando alguns católicos me perguntam se podem praticar Yoga, pergunto se alguma vez já jogaram futebol ou fizeram ginástica. Respondem que si. Assimilaram essas atividades e nem por isso deixaram de ser cristãos. Lembro que o Yoga tem conceitos vindos de outras culturas, mas que podemos tranquilamente adaptar ao nosso modo cristão de ver a vida. O Cristianismo tem muito a ensinar, mas tem muito aprender com outras culturas. Ser evangelizado subentende isso. Saber elogiar as flores dos outros e até plantá-las no próprio jardim. O Yoga é uma dessas riquezas que fazem bem, quando a cabeça é boa e o coração sereno.
O mundo está cheio de gente sábia. O Professor Hermógenes e seus amigos sabem o quanto eu respeito a sua sabedoria. O mundo teria mais saúde física e mental se os ouvisse.
Que Deus os ilumine!
Leia também:
Yoga, caminho para Deus
- Texto extraído da edição de janeiro de 1999 da revista O Atma e digitado por Cristiano Bezerra (1971-) para este blog, Yoga Pleno, em 17 de outubro de 2001. [↩]
Cristiano, esse texto vem ajudar no trabalho que procuro desempenhar, na formação de indivíduos que busquem a verdadeira união. Experimentando que Deus é um, não há como separar, dissolver nem desajustar membros que vislumbram uma humanidade una e consciente de suas potencialidades. Esse texto não deixa dúvidas de que Yoga é para todos!
Que maravilha, Elaine, fico muito feliz e gratíssimo pelo teu comentário sobre esse teu lindo trabalho!
Cristiano, eu já conhecia esse texto e acho muito oportuno você tê-lo colocado aqui no seu Blog, afinal o Padre Zezinho é um referencial no Catolicismo. Destaco estes trechos em que ele afirma: “Em nenhum momento, ninguém nem livro algum de Yoga me influenciou negativamente ou desviou minha fé em Jesus e na minha Igreja. Só cresci com essa disciplina” e “Não importa de onde ou de quem tenha vindo, porque sei que nele está o dedo de Deus”. Isso responde àqueles que não iniciam uma prática de Yoga por estarem habitados por essas dúvidas. Um abraço fraterno!
Que ótimo, meu amigo Hélder, fico muito feliz que você tenha gostado da publicação desse texto do Padre Zezinho aqui no Yoga Pleno. Muitíssimo grato pelo teu feedback e um abraço fraterno pra você também!