O Presente que Ele sempre quis
Professor Hermógenes (1921-2015) (1)
É quase novo milênio! E é dia de festa. Dia de Natal, de natalício, de aniversário.
Aniversário, logo de quem?! Do menino Jesus!
Então, viva o aniversariante!
É tempo de Papai Noel, nas lojas e na mente da meninada.
É tempo de comprar e vender, de faturar.
É tempo de despesas, agitação e estresse.
É tempo de festejar comendo e bebendo.
É tempo de dar presentes, mas sempre para os outros e nunca para o aniversariante.
Dar presentes para quem?
Para os meus – para aqueles a quem quero bem, ora!
E para o aniversariante? Nada?
Ih! É mesmo! Tinha me esquecido. Só que eu não sei que presente Ele prefere. De que está precisando? Que gostaria de receber?
Ele sempre deixou entender que o presentinho que espera de você, de mim, de todos, é a incondicional entrega de nós mesmos, cada um depositando, em seu altar onipotente, o que Ele sempre quis e nunca recebeu – o Fulano de Tal que cada um acredita ser.
A imensa dificuldade está em Ele querer receber exatamente aquilo que, até hoje, desastradamente, imprudentemente, tolamente, temos mais prezado, temos amado acima de tudo – nosso ego pessoal, o Fulano de Tal que pensamos ser, e, admitamos, ainda poluído por mil turbilhões de desejos, apegos, aversões, ódios, depressões, abatimentos, ciúmes, aflições, fobias, ressentimentos… Como abrir mão de nosso ego pessoal que nos tem levado para onde quer? A dificuldade maior de presentear o aniversariantezinho é que Ele, refinadamente exigente, nos quer caprichosamente “embrulhados para presente”. Não nos quer envoltos pela mediocridade de um saco plástico sem cor ou por uma medíocre folha de um jornal qualquer, assim como, até agora, passados dois mil anos, obstinadamente ainda nos achamos.
Ele nos quer vestindo o que, certo dia, numa de suas aulas, mencionou como “veste nupcial”. É outra forma de dizer vistosamente, esmeradamente, “embrulhados para presente”. Se, em espírito e verdade, conseguimos mergulhar na profundidade de seus discursos, vamos entender que a tal “veste nupcial” não pode ser comprada ou alugada em butique. Nada disso. Cada um tem que investir imensos esforços, tem que se empenhar muito para confeccionar a sua.
Falando praticamente, como se faz isso?
Basta seguir as muitas instruções dadas por Ele mesmo. Confeccionar sua própria veste, ou o embrulhar-se para presente, não é nada fácil. Requer difíceis mudanças radicais, que reclamam renúncia, sacrifício, esforço, decisão, disciplina, discernimento, devoção e persistência. E, por ser realmente um árduo empreendimento, até hoje não O deixamos participar de sua própria festa e jamais lhe demos presentes. No divino livro da Vida, Ele esclarece como nos transformar no presentinho natalino de sua refinada preferência.
Tão grandes e difíceis são as mudanças, que levam muitos a dizer, consternados: “Para mim, não dá. Pelos meus muitos e repetidos erros e desvios de minha vida, já me considero incapaz. Nada posso oferecer. Só tenho que, abatido e sem esperança, pedir perdão”.
Mas o aniversariante é obstinado em querer a todos. Não exclui ninguém, até mesmo os que obstinadamente têm andado fora da trilha, sem fazer caso de Suas pregações. Com o generoso propósito de tranquilizar os que se sentem culpados e sem merecimento, de muitas formas e em diversas ocasiões, fez saber que Deus recebe com festa todo pecador que, arrependido, bate-lhe à porta. Bom filho do Divino Pai, Jesus também ama a todos. Não discrimina. Nunca rechaçou quem errara e desejava ser resgatado, empenhando-se para retomar o santo caminho estreito, para conseguir embrulhar-se para presente, sempre tentando confeccionar um vistoso traje nupcial, querendo se doar a Ele.
Em termos bem práticos, em que consistiria esse tal “embrulho para presente”? Como deveríamos nos apresentar para sermos considerados dignos?
O estudo aprofundado do Evangelho pode nos ajudar a detectar as linhas-mestras das transformações pessoais necessárias, e pode informar o que Ele quer encontrar em nós. Eis um possível palpite.
Parece que Ele…
Quem reparar bem, descobrirá que tamanhas exigências, tão rigorosos preceitos, para disciplinar pensamentos, sentimentos, emoções, palavras e ações, constituem um verdadeiro “manual de instruções”, cujo propósito é conduzir nossas vidas para a saúde plena, para o gozo da paz , para a cornucópia (4) da felicidade, e, finalmente, para a desejada e doce redenção para a qual nascemos.
É inaceitável que Ele continue excluído de sua própria festa.
Sem Ele, a festa é sem graça.
Que você, os outros e especialmente eu, consigamos fazer o aniversariante sentir-se feliz e possamos Lhe oferecer uma grande festa, exclusivamente Sua.
Enquanto não conseguirmos nos embrulhar como presente para o aniversariante, passemos a pensar assim: “é Cristo em mim presenteando Cristo nas outras pessoas”.
Dizem que, quando estava para nascer, todas as portas se achavam fechadas para seus aflitos e fatigados pais, e, portanto, para Ele também. Fazia frio. Mas todas as portas estavam fechadas. O jeito foi nascer num velho estábulo desativado, dentro de uma pobre manjedoura abandonada. Porque os homens tinham suas portas fechadas, Ele aceitou nascer ali mesmo, entre dóceis animais que ruminavam ao longo da noite.
Coitadinho!
Não é estranho demais que, passados dois mil anos, as portas dos homens continuem obstinadamente fechadas para Ele?!!!
Nas casas dos homens, comidas, refrigerantes, bebidas alcoólicas, algazarra de festa consumista, a celebrar o aniversário de um menino ainda desconhecido, que jamais foi convidado para entrar e que há dois mil anos continua excluído, ainda lá fora.
Que você, todos e eu, principalmente, motivados pelo amor mais puro, possamos dar um “chega-pra-lá” no egoísmo, em nossa indiferença e alienação, para oferecermos a Ele a chance de um feliz aniversário, abrindo as portas de nossos corações, agora transformados.
Que as dificuldades do caminho e a brevidade da existência não nos desencorajem, para que, vistosamente paramentados com as vestes da pureza, da renúncia e da compaixão universal, da humildade e da devoção, algum dia possamos oferecer-lhe pelo menos um pouco do que Ele, há quase dois mil anos, está teimosa e pacientemente aguardando.
Chega do vexame de celebrar o Natal sem o Cristo, não é mesmo?!
» por É quase novo milênio! E é dia de festa. Dia de Natal, de natalício, de aniversário.
Aniversário, logo de quem?! Do menino Jesus!
Então, viva o aniversariante!
É tempo de Papai Noel, nas lojas e na mente da meninada.
É tempo de comprar e vender, de faturar.
É tempo de despesas, agitação e estresse.
É tempo de festejar comendo e bebendo.
É tempo de dar presentes, mas sempre para os outros e nunca para o aniversariante.
Dar presentes para quem?
Para os meus – para aqueles a quem quero bem, ora!
E para o aniversariante? Nada?
Ih! É mesmo! Tinha me esquecido. Só que eu não sei que presente Ele prefere. De que está precisando? Que gostaria de receber?
Ele sempre deixou entender que o presentinho que espera de você, de mim, de todos, é a incondicional entrega de nós mesmos, cada um depositando, em seu altar onipotente, o que Ele sempre quis e nunca recebeu – o Fulano de Tal que cada um acredita ser.
A imensa dificuldade está em Ele querer receber exatamente aquilo que, até hoje, desastradamente, imprudentemente, tolamente, temos mais prezado, temos amado acima de tudo – nosso ego pessoal, o Fulano de Tal que pensamos ser, e, admitamos, ainda poluído por mil turbilhões de desejos, apegos, aversões, ódios, depressões, abatimentos, ciúmes, aflições, fobias, ressentimentos… Como abrir mão de nosso ego pessoal que nos tem levado para onde quer? A dificuldade maior de presentear o aniversariantezinho é que Ele, refinadamente exigente, nos quer caprichosamente “embrulhados para presente”. Não nos quer envoltos pela mediocridade de um saco plástico sem cor ou por uma medíocre folha de um jornal qualquer, assim como, até agora, passados dois mil anos, obstinadamente ainda nos achamos.
Ele nos quer vestindo o que, certo dia, numa de suas aulas, mencionou como “veste nupcial”. É outra forma de dizer vistosamente, esmeradamente, “embrulhados para presente”. Se, em espírito e verdade, conseguimos mergulhar na profundidade de seus discursos, vamos entender que a tal “veste nupcial” não pode ser comprada ou alugada em butique. Nada disso. Cada um tem que investir imensos esforços, tem que se empenhar muito para confeccionar a sua.
Falando praticamente, como se faz isso?
Basta seguir as muitas instruções dadas por Ele mesmo. Confeccionar sua própria veste, ou o embrulhar-se para presente, não é nada fácil. Requer difíceis mudanças radicais, que reclamam renúncia, sacrifício, esforço, decisão, disciplina, discernimento, devoção e persistência. E, por ser realmente um árduo empreendimento, até hoje não O deixamos participar de sua própria festa e jamais lhe demos presentes. No divino livro da Vida, Ele esclarece como nos transformar no presentinho natalino de sua refinada preferência.
Tão grandes e difíceis são as mudanças, que levam muitos a dizer, consternados: “Para mim, não dá. Pelos meus muitos e repetidos erros e desvios de minha vida, já me considero incapaz. Nada posso oferecer. Só tenho que, abatido e sem esperança, pedir perdão”.
Mas o aniversariante é obstinado em querer a todos. Não exclui ninguém, até mesmo os que obstinadamente têm andado fora da trilha, sem fazer caso de Suas pregações. Com o generoso propósito de tranquilizar os que se sentem culpados e sem merecimento, de muitas formas e em diversas ocasiões, fez saber que Deus recebe com festa todo pecador que, arrependido, bate-lhe à porta. Bom filho do Divino Pai, Jesus também ama a todos. Não discrimina. Nunca rechaçou quem errara e desejava ser resgatado, empenhando-se para retomar o santo caminho estreito, para conseguir embrulhar-se para presente, sempre tentando confeccionar um vistoso traje nupcial, querendo se doar a Ele.
Em termos bem práticos, em que consistiria esse tal “embrulho para presente”? Como deveríamos nos apresentar para sermos considerados dignos?
O estudo aprofundado do Evangelho pode nos ajudar a detectar as linhas-mestras das transformações pessoais necessárias, e pode informar o que Ele quer encontrar em nós. Eis um possível palpite.
Parece que Ele…
- Deseja que nos mantenhamos serenos, impávidos, lúcidos e confiantes, ainda quando, sem rumo, em fim de tarde de aguaceiro frio, estamos tentando, sem conseguir, sair do matagal e voltar para a segurança e o conforto da casa.
- Nos quer com os ouvidos da alma sempre abertos a seus sábios discursos, refletindo sobre o conteúdo essencial de Sua Palavra, para, finalmente, intrépidos, serenos e esclarecidos, segui-lo, andando por onde Ele andou e da maneira que o fez.
- Nos quer irrestritamente entregues e incondicionalmente rendidos a seus desígnios sábios e misericordiosos.
- Quer que, atentamente, sem protesto, sem auto piedade, sem queixumes nem lamúrias, corajosamente coloquemos ao ombro a cruz que nos cabe carregar.
- Nos quer ramos viçosos, permanentemente sorvendo a seiva da árvore da Vida.
- Nos quer totalmente confiando em sua providência, sem que dúvidas nos esmoreçam, sem que preocupações engendrem ansiedade, sem temores que nos inquietem.
- Nos deseja permanentemente predispostos a agradecer pelo que vier a nos dar, ainda que seja uma piora, quando, em prece, lhe pedíramos uma melhora; ou um despojamento, quando desejávamos ganhar.
- Nos quer de costas para os falsos tesouros do mundo efêmero, mas sempre ambicionando os tesouros de validade eterna – os do Reino.
- Nos quer ajudando os excluídos, sem desejar recompensas, e, ainda mais, sem nos pavonear de caridosos.
- Nos quer atentos e empenhados no hoje, deixando pra lá as pegadas do ontem e as preocupações com o amanhã.
- Nos deseja empenhados em saciar a fome e a sede de justiça que tanto escurecem e fazem sofrer este mundo.
- Nos quer misericordiosos, a sentir em nós o sofrimento ou a alegria dos outros.
- Nos quer inofendíveis e, consequentemente, inofensivos em nosso conviver.
- Nos quer mentalmente vacinados contra os vírus que normalmente infestam a mente, tais como a hipocrisia, a violência, a impureza, a ambição, a corrupção, o medo, o orgulho, a maledicência, o desamor, a crueldade, a improbidade (2), a venalidade (3)…
- Nos quer caladinhos, atentos, a sós e tranquilos, tanto que consigamos escutar, com os ouvidos da alma, o ansiado sussurro redentor a dizer-nos “Eu Sou Deus”.
- Nos quer ovelhas de seu cósmico rebanho, acalentadas por sua amorosa voz de pastor, guardando-nos no onipresente redil de sua Verdade e de seu Amor.
- Quer que o vejamos no deprimido e triste, no faminto, no sedento, no desabrigado, no doente, no aflito, no excluído, em todo aquele que sofre, e os socorramos como nossa melhor forma de O servir e amar.
- Nos quer de espada desembainhada, não para a estupidez da guerra religiosa, econômica, étnica ou outras, mas para vencer as hostes do mal que ainda continuam entranhadas e escondidas em nós, acorrentando-nos, entorpecidos e frágeis, padecentes e inseguros, dolorosamente alienados da Felicidade Suprema.
- Nos quer vendendo tudo que, iludidos, ainda pensávamos possuir, para investir na compra da pérola verdadeira, que é a imersão na liberdade, na luz, na paz, no amor e na eterna e incondicional bem-aventurança de Sua casa, que também é nossa.
- É tão rigoroso, a ponto de exigir que O amemos com exclusividade e nos quer, servidores seus, dedicados só a Ele, pois ninguém pode, ao mesmo tempo, servir a dois senhores.
- Nos quer como criancinhas totalmente entregues ao regaço da mãe, sem o menor vestígio de insegurança, sem egoísmo, curtindo amor e nutrição.
- Nos quer derrubando as muralhas do ego pessoal em prol do Amor sem fronteira e atemporal…
Quem reparar bem, descobrirá que tamanhas exigências, tão rigorosos preceitos, para disciplinar pensamentos, sentimentos, emoções, palavras e ações, constituem um verdadeiro “manual de instruções”, cujo propósito é conduzir nossas vidas para a saúde plena, para o gozo da paz , para a cornucópia (4) da felicidade, e, finalmente, para a desejada e doce redenção para a qual nascemos.
É inaceitável que Ele continue excluído de sua própria festa.
Sem Ele, a festa é sem graça.
Que você, os outros e especialmente eu, consigamos fazer o aniversariante sentir-se feliz e possamos Lhe oferecer uma grande festa, exclusivamente Sua.
Enquanto não conseguirmos nos embrulhar como presente para o aniversariante, passemos a pensar assim: “é Cristo em mim presenteando Cristo nas outras pessoas”.
Dizem que, quando estava para nascer, todas as portas se achavam fechadas para seus aflitos e fatigados pais, e, portanto, para Ele também. Fazia frio. Mas todas as portas estavam fechadas. O jeito foi nascer num velho estábulo desativado, dentro de uma pobre manjedoura abandonada. Porque os homens tinham suas portas fechadas, Ele aceitou nascer ali mesmo, entre dóceis animais que ruminavam ao longo da noite.
Coitadinho!
Não é estranho demais que, passados dois mil anos, as portas dos homens continuem obstinadamente fechadas para Ele?!!!
Nas casas dos homens, comidas, refrigerantes, bebidas alcoólicas, algazarra de festa consumista, a celebrar o aniversário de um menino ainda desconhecido, que jamais foi convidado para entrar e que há dois mil anos continua excluído, ainda lá fora.
Que você, todos e eu, principalmente, motivados pelo amor mais puro, possamos dar um “chega-pra-lá” no egoísmo, em nossa indiferença e alienação, para oferecermos a Ele a chance de um feliz aniversário, abrindo as portas de nossos corações, agora transformados.
Que as dificuldades do caminho e a brevidade da existência não nos desencorajem, para que, vistosamente paramentados com as vestes da pureza, da renúncia e da compaixão universal, da humildade e da devoção, algum dia possamos oferecer-lhe pelo menos um pouco do que Ele, há quase dois mil anos, está teimosa e pacientemente aguardando.
Chega do vexame de celebrar o Natal sem o Cristo, não é mesmo?!
Leia na sequência:
Introdução do livro O Presente
O Presente que Ele sempre quis
- Texto extraído das páginas 15 a 29 da 1ª edição, de 2000, do livro O Presente (2000), do Professor Hermógenes (1921-2015), Editora Letraviva, Brasília, e digitado por Cristiano Bezerra para este blog, Yoga Pleno, em 24 de dezembro de 2010. Visite o site do Instituto Hermógenes em institutohermogenes.com.br [↩]
- Perversidade, maldade, desonestidade… (Nota do Digitador/Editor) [↩]
- Corruptibilidade, desonestidade, subornabilidade… (Nota do Digitador/Editor) [↩]
- Vaso em forma de corno, cheio de flores e frutos, símbolo da abundância. (Nota do Digitador/Editor) [↩]
Comentários
O Presente que Ele sempre quis — Nenhum comentário
HTML tags allowed in your comment: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>