Maya
» por Professor Hermógenes (1921-2015) (1)
Maya
Chamam-te ilusão
os que não têm olhos de ver.
Aos olhos cegos
a cegueira aumenta.
Não se iludem contigo
os videntes.
Veem-te a aparência que és,
mas também Aquilo que aparentas.
Maya,
véu que vela Deus
a olhos impuros.
Maya,
véu que O des-vela
aos olhos de pureza.
Para aqueles,
multiplicidade e variedade de seres.
Para estes,
a Unidade do Ser.
Aqueles,
no concreto retidos.
Estes,
no abstrato libertos,
por trás, além.
Aqueles,
no tempo enredados.
Estes,
no Eterno abismados.
Aqueles,
no finito presos.
Estes,
no Infinito perdidos.
Aqueles,
de sombras cativos.
Estes,
do Real comensais.
Aqueles,
em miragens detidos.
Estes,
imunes às seduções.
Procuro ver-te,
nuvem bondosa,
sem a qual
me queimaria os olhos
o ofuscante esplendor de Deus.
Ocultação
Maya:
perene parábola do Eterno,
tecida de tempo;
esconderijo do Infinito,
na ilusão do espaço;
disfarce do Inominável
de muitos nomes;
veste do Informe
de multifária aparência…
Maya:
poder de criar,
criadora de fantasia,
biombo fascinante,
engano, encanto…
Ao que tem,
dar-se-lhe-á;
ao que não tem,
até o quase nada que tem
lhe será tirado.
A vitória é daquele que,
intimorato, prudente,
sereno, equânime,
abnegado, persistente,
discernindo,
refletindo,
meditando,
perquirindo,
mata a ilusão,
rompe o encanto,
destroça o engano,
com a espada do Saber.
O véu
Há a Vida.
Há um véu,
o véu que vela a Vida.
Quem só vê o véu, não vê a Vida.
Quem consegue des-velar a Vida
já não vê o véu,
e vê que ele é a própria Vida.
Leia também estes poemas:
Samsara
Se
Maya
Nirvana
Você lerá Canção Universal, se comovendo, mas, principalmente, ganhando uma nova visão sobre Deus, o mundo e você mesmo. Você não terminará a leitura desse livro sem se ter transformado, sem se sentir mais liberto, tranquilo, sadio, maduro e mais feliz.
Finalmente, Hermógenes é filósofo, místico, poeta, ou somente um irmão de todos, que escreve para todos os que sofrem, que buscam coerência e paz na vida, para todos que estão insatisfeitos com a brutalidade de nossa época? Ele é assim como um mergulhador que vai aos abismos da Sabedoria Universal e vem à tona, dando-nos alimento espiritual, jóias lindas, mas principalmente esperança e coragem para viver.
Canção Universal é lindo como um apanhado de flores campestres, luminoso como um Sol de verão e profundo como as raízes das maiores árvores.
Canção Universal é resposta ao aflito, apreensivo com o caos do mundo, com o desvario das almas arrastadas na maré crescente de dor e prazer, que em quase desespero buscam compreender. É resposta ao que ficou angustiado pela constatação de sua fragilidade, de seu vazio, de sua tediosa solidão. É resposta àquele que se sente frustrado com os valores, os status, os poderes e os prazeres que andou faturando.
Sua leitura enternece, pois é Canção.
Sua mensagem eleva, pois é Universal.
Ler apenas é pouco.
É pouco ler apenas uma vez. O livro é elaborado de tal forma que o leitor se torna um co-autor, pois cada frase é uma isca para pescar o pensamento, um desafio à reflexão; e cada página, um impacto na sensibilidade. Ninguém lerá Canção Universal sem participar, sem se deixar cativar, sem meditar, sem criar, sem optar, sem concluir.
O mundo precisa cantar uma canção que seja universal.
- Poema extraído da 4a edição, de 1991, do livro Canção Universal (1979), do Professor Hermógenes (1921-2015), Editora Nova Era, digitado por Cristiano Bezerra em 19 de setembro de 2001 e também publicado em yoga.pro.br. Visite o site do Instituto Hermógenes em institutohermogenes.com.br [↩]
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