Como escolher um bom professor de Yoga?
Pedro Kupfer (1966-), do yoga.pro.br (1)
Antes de mais nada, é preciso ter claro o que você quer da prática. Os objetivos mudam de pessoa para pessoa. Lembre que existem muitas formas diferentes de Yoga. Você pode querer praticar impelido por uma destas motivações:
1) para melhorar a qualidade de vida ou combater o estresse;
2) para se manter em forma usando um método não convencional;
3) buscando um treinamento físico rigoroso, exigente e energético;
4) para tratamento terapêutico ou por indicação médica;
5) procurando um caminho para o auto-conhecimento e a transcendência.
É lógico que, quanto maiores forem as suas expectativas, mais fundo você deverá procurar.
Se você quiser praticar para manter a forma ou combater o estresse, algumas sessões semanais de asanas de alongamento e flexibilidade farão o trabalho. Nesse caso, ou se você tiver algum problema de saúde ou ficou parado por um tempo, é aconselhável fazer um exame médico antes de iniciar.
Se estiver procurando uma atividade desafiante e energética, onde possa explorar e extrapolar seus limites físicos através de uma malhação consciente, o Power Yoga, o Ashtanga Vinyasa Yoga, o Iyengar Yoga e algumas formas de Hatha Yoga podem ser extremadamente exigentes, adequadas para atletas e pessoas que gostem de trabalhar o corpo com disciplina e intensidade.
Se você tiver praticado durante um tempo, sentido os benefícios do Yoga e quiser continuar sozinho, é recomendável mesmo assim que, de tempos em tempos, faça um workshop ou aula para corrigir eventuais erros que você mesmo possa não estar percebendo.
Se for o caso de usar Yogaterapia por indicação médica, se recomendam uma ou duas sessões diárias de exercícios específicos que incluam asana, pranayama e yoganidra, bem como aconselhamento alimentar. O professor, nesse caso, precisa ter muito estudo e experiência no assunto. Há professores que preferem negar os efeitos terapêuticos do Yoga, o que é muito mais fácil que estudá-los.
Uma das perguntas que podem surgir sobre esse assunto é se você pode aprender Yoga sozinho ou se é necessário achar um professor competente. A resposta é que, a diferença de atividades unicamente intelectuais ou físicas, que talvez possam aprender-se por livros, CDs ou vídeos, o Yoga não pode aprender-se somente por esses meios.
Já aconteceu de pessoas aprenderem sozinhas por livros e, após anos de repetir e ensinar os mesmos erros, acabarem com hérnia de disco, bico de papagaio ou hipertensão. E hérnia de disco, bico de papagaio ou hipertensão não são coisas que você queira pegar fazendo Yoga, não é mesmo?
Livros, CDs ou vídeos são muito úteis para estimular o sadhana e estudar detalhes e técnicas depois que você já tem experiência com a prática. A presença do professor na sala é fundamental para corrigir o alinhamento e o encaixe nas práticas que mexem com o corpo e dar o acompanhamento adequado na meditação ou no pranayama, assim como para detectar necessidades pessoais que você possa ter.
Por motivos éticos, nós não podemos nem devemos recomendar um único tipo de Yoga, pois as abordagens e os métodos variam muito. A modalidade de Yoga escolhida deve estar em função das expectativas e necessidades do praticante. Diferentes formas de Yoga não dão os mesmos resultados com as mesmas pessoas, e não há consenso sobre o que deveria ser ensinado em uma aula de Yoga.
Não existe um Yoga superior ou melhor que os demais. Cada método se adapta melhor para objetivos diferentes. O melhor Yoga é aquele que funciona para você mesmo, satisfaz as suas necessidades e preenche suas expectativas, sejam elas quais forem. É questão de procurar até achar algo que lhe satisfaça.
Aqui damos algumas diretrizes para lhe ajudar na escolha:
1) fale com o professor antes de iniciar: não se acanhe em fazer perguntas como com quem ele aprendeu, qual é a sua formação e a linhagem de Yoga à que ele pertence;
2) se for o caso, fale dos cuidados especiais que ele precisará ter com você na aula;
3) dê uma olhada nas instalações e veja como você se sente no lugar;
4) observe se você se sente confortável com as pessoas que lá estão;
5) veja se você se identifica com a proposta do trabalho do instrutor ou do tipo de Yoga;
6) use o bom senso, a observação e a intuição para escolher.
Dentre as qualidades do bom professor, independentemente do tipo de Yoga que ele ensine, destacamos as seguintes dicas para avaliação. O professor deve:
1) ser verdadeiro em suas palavras e atitudes;
2) ter bom senso de humor e saber brincar;
3) demonstrar respeito e compaixão por tudo e por todos;
4) ser capaz de ensinar através do próprio exemplo, evitando a atitude “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”;
5) não ter medo de expor suas próprias emoções;
6) ter liderança sim, mas sem autoritarismo.
Há uma diferença fundamental entre um professor e um guru, um mestre iluminado. Por uma questão óbvia de ética e bom senso, não recomendamos professores de Yoga ou instituições que sustentem atitudes ou afirmações como estas:
1) o nosso Yoga é o melhor e mais completo que existe;
2) nosso método é o único verdadeiro, nenhum outro funciona;
3) o Yoga ensinado pelo professor Fulano não presta.
Quem diz se um Yoga é melhor que outro não é o folheto de propaganda, mas o praticante, e isso vale unicamente em relação a si próprio, à sua prática pessoal e ao seu momento. Se você se ofendeu ao ler isso, cuidado! Você pode estar vestindo uma carapuça ou, pior ainda, estar sendo usado e manipulado.
Evite fazer prática com professores que:
1) não gostem de responder perguntas: a recusa a responder pode ocultar uma ignorância lapidária sobre o assunto que você quer conhecer;
2) excluam praticantes de qualquer credo, raça ou estrato social;
3) ostentem atitudes arrogantes para com a tradição ou o trabalho dos demais;
4) prometam coisas demais e em prazos muito curtos: o Yoga é um processo que leva tempo conhecer e dominar;
5) usem a mentira institucionalizada como arma de propaganda;
6) tenham excessivo apego pelo dinheiro e o poder;
7) se coloquem num pedestal por serem praticantes do Yoga X, Y ou Z;
8) tentem controlar os alunos, o que eles fazem, com quem eles falam ou o que eles comem.
O Yoga serve para queimar o samskara, eliminar os condicionamentos e libertar o indivíduo da miséria humana. Se o professor falar mal dos demais ou ficar obcecado tentando controlar os praticantes, mau sinal. O professor que sabe e confia não tem medo de que seus praticantes procurem outras formas de Yoga. E se os praticantes optarem pela outra, não se ofende. Se você tiver a sensação se estar sendo olhado como se fosse um monte de R$ ambulantes, desconfie! Numa palavra, todas essas são coisas do EGO, que teoricamente o praticante honesto (que todo professor deve ser) deve ter sob controle.
» por Antes de mais nada, é preciso ter claro o que você quer da prática. Os objetivos mudam de pessoa para pessoa. Lembre que existem muitas formas diferentes de Yoga. Você pode querer praticar impelido por uma destas motivações:
1) para melhorar a qualidade de vida ou combater o estresse;
2) para se manter em forma usando um método não convencional;
3) buscando um treinamento físico rigoroso, exigente e energético;
4) para tratamento terapêutico ou por indicação médica;
5) procurando um caminho para o auto-conhecimento e a transcendência.
É lógico que, quanto maiores forem as suas expectativas, mais fundo você deverá procurar.
Se você quiser praticar para manter a forma ou combater o estresse, algumas sessões semanais de asanas de alongamento e flexibilidade farão o trabalho. Nesse caso, ou se você tiver algum problema de saúde ou ficou parado por um tempo, é aconselhável fazer um exame médico antes de iniciar.
Se estiver procurando uma atividade desafiante e energética, onde possa explorar e extrapolar seus limites físicos através de uma malhação consciente, o Power Yoga, o Ashtanga Vinyasa Yoga, o Iyengar Yoga e algumas formas de Hatha Yoga podem ser extremadamente exigentes, adequadas para atletas e pessoas que gostem de trabalhar o corpo com disciplina e intensidade.
Se você tiver praticado durante um tempo, sentido os benefícios do Yoga e quiser continuar sozinho, é recomendável mesmo assim que, de tempos em tempos, faça um workshop ou aula para corrigir eventuais erros que você mesmo possa não estar percebendo.
Se for o caso de usar Yogaterapia por indicação médica, se recomendam uma ou duas sessões diárias de exercícios específicos que incluam asana, pranayama e yoganidra, bem como aconselhamento alimentar. O professor, nesse caso, precisa ter muito estudo e experiência no assunto. Há professores que preferem negar os efeitos terapêuticos do Yoga, o que é muito mais fácil que estudá-los.
Uma das perguntas que podem surgir sobre esse assunto é se você pode aprender Yoga sozinho ou se é necessário achar um professor competente. A resposta é que, a diferença de atividades unicamente intelectuais ou físicas, que talvez possam aprender-se por livros, CDs ou vídeos, o Yoga não pode aprender-se somente por esses meios.
Já aconteceu de pessoas aprenderem sozinhas por livros e, após anos de repetir e ensinar os mesmos erros, acabarem com hérnia de disco, bico de papagaio ou hipertensão. E hérnia de disco, bico de papagaio ou hipertensão não são coisas que você queira pegar fazendo Yoga, não é mesmo?
Livros, CDs ou vídeos são muito úteis para estimular o sadhana e estudar detalhes e técnicas depois que você já tem experiência com a prática. A presença do professor na sala é fundamental para corrigir o alinhamento e o encaixe nas práticas que mexem com o corpo e dar o acompanhamento adequado na meditação ou no pranayama, assim como para detectar necessidades pessoais que você possa ter.
Por motivos éticos, nós não podemos nem devemos recomendar um único tipo de Yoga, pois as abordagens e os métodos variam muito. A modalidade de Yoga escolhida deve estar em função das expectativas e necessidades do praticante. Diferentes formas de Yoga não dão os mesmos resultados com as mesmas pessoas, e não há consenso sobre o que deveria ser ensinado em uma aula de Yoga.
Não existe um Yoga superior ou melhor que os demais. Cada método se adapta melhor para objetivos diferentes. O melhor Yoga é aquele que funciona para você mesmo, satisfaz as suas necessidades e preenche suas expectativas, sejam elas quais forem. É questão de procurar até achar algo que lhe satisfaça.
Aqui damos algumas diretrizes para lhe ajudar na escolha:
1) fale com o professor antes de iniciar: não se acanhe em fazer perguntas como com quem ele aprendeu, qual é a sua formação e a linhagem de Yoga à que ele pertence;
2) se for o caso, fale dos cuidados especiais que ele precisará ter com você na aula;
3) dê uma olhada nas instalações e veja como você se sente no lugar;
4) observe se você se sente confortável com as pessoas que lá estão;
5) veja se você se identifica com a proposta do trabalho do instrutor ou do tipo de Yoga;
6) use o bom senso, a observação e a intuição para escolher.
Dentre as qualidades do bom professor, independentemente do tipo de Yoga que ele ensine, destacamos as seguintes dicas para avaliação. O professor deve:
1) ser verdadeiro em suas palavras e atitudes;
2) ter bom senso de humor e saber brincar;
3) demonstrar respeito e compaixão por tudo e por todos;
4) ser capaz de ensinar através do próprio exemplo, evitando a atitude “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”;
5) não ter medo de expor suas próprias emoções;
6) ter liderança sim, mas sem autoritarismo.
Há uma diferença fundamental entre um professor e um guru, um mestre iluminado. Por uma questão óbvia de ética e bom senso, não recomendamos professores de Yoga ou instituições que sustentem atitudes ou afirmações como estas:
1) o nosso Yoga é o melhor e mais completo que existe;
2) nosso método é o único verdadeiro, nenhum outro funciona;
3) o Yoga ensinado pelo professor Fulano não presta.
Quem diz se um Yoga é melhor que outro não é o folheto de propaganda, mas o praticante, e isso vale unicamente em relação a si próprio, à sua prática pessoal e ao seu momento. Se você se ofendeu ao ler isso, cuidado! Você pode estar vestindo uma carapuça ou, pior ainda, estar sendo usado e manipulado.
Evite fazer prática com professores que:
1) não gostem de responder perguntas: a recusa a responder pode ocultar uma ignorância lapidária sobre o assunto que você quer conhecer;
2) excluam praticantes de qualquer credo, raça ou estrato social;
3) ostentem atitudes arrogantes para com a tradição ou o trabalho dos demais;
4) prometam coisas demais e em prazos muito curtos: o Yoga é um processo que leva tempo conhecer e dominar;
5) usem a mentira institucionalizada como arma de propaganda;
6) tenham excessivo apego pelo dinheiro e o poder;
7) se coloquem num pedestal por serem praticantes do Yoga X, Y ou Z;
8) tentem controlar os alunos, o que eles fazem, com quem eles falam ou o que eles comem.
O Yoga serve para queimar o samskara, eliminar os condicionamentos e libertar o indivíduo da miséria humana. Se o professor falar mal dos demais ou ficar obcecado tentando controlar os praticantes, mau sinal. O professor que sabe e confia não tem medo de que seus praticantes procurem outras formas de Yoga. E se os praticantes optarem pela outra, não se ofende. Se você tiver a sensação se estar sendo olhado como se fosse um monte de R$ ambulantes, desconfie! Numa palavra, todas essas são coisas do EGO, que teoricamente o praticante honesto (que todo professor deve ser) deve ter sob controle.
- Artigo originalmente publicado em 24 de julho de 2000 em yoga.pro.br, o site do Pedro [↩]
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