Acharya
Gloria Arieira (1953-), do Vidya Mandir (1)
A palavra sânscrita acharya é geralmente traduzida por “professor” ou “mestre”. Frequentemente é acrescentada ao nome de uma pessoa, denotando respeito, como no caso de Shankaracharya (788-820 d.C.).
Acharya deriva da raiz car, que significa “seguir” ou “fazer com que outros sigam”. A esta raiz vem prefixado a, significando “completamente ou totalmente”, e, no final, acrescenta-se o afixo nominal de agente nyatya, que quer dizer “aquele que”. Esses elementos juntos formam a palavra acharya, cujo significado é “aquele que segue as escrituras (dharma) completamente” e/ou “aquele que leva os outros a segui-las”.
Assim, a palavra implica em mais do que a mera tradução “professor”; significa também aquele que segue o que ensina. Por aí se vê que há dois aspectos básicos do significado de acharya: por um lado, ele é aquele que ensina; por outro, é o exemplo daquilo que ensina.
Esse duplo aspecto do significado é devido ao assunto ensinado. Um acharya de Vedanta tenta fazer o aluno ver a verdade de si mesmo através do uso das escrituras. Se o próprio professor não for capaz de ver a verdade, suas palavras nada mais serão do que mera repetição das palavras das escrituras. Ele não estará apto a apontar as zonas de incompreensão, uma vez que ele mesmo não compreendeu. Em outras áreas do conhecimento isso não é tão crítico. De fato, nunca é possível dominar todos os aspectos de uma dada área de conhecimento, e não se espera um tal domínio por parte de um professor. Existe sempre algo mais para se aprender. Porém, esse não é o caso em Vedanta. Se alguém falha na compreensão de que é, na verdade, o Infinito, necessariamente se torna finito. Esse equívoco é significativo. Isso equivale, de fato, a compreensão que se tinha antes de receber o ensinamento; nada foi aprendido. O professor deve, portanto, ser um exemplo daquilo que ensina. Ele deve entender inteiramente o significado das escrituras.
Nas mãos de um verdadeiro acharya, a escritura torna-se um instrumento que o auxilia na tarefa de levar o aluno a ver a verdade de si mesmo; a escritura por si mesma é importante. E o acharya, pela clareza de sua visão, que valida as palavras da escritura. Por esse motivo, toda a reverência prestada à escritura é também prestada ao acharya. Ele se torna uma escritura viva, capaz de fazer os outros verem a verdade de si mesmos.
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Acharya deriva da raiz car, que significa “seguir” ou “fazer com que outros sigam”. A esta raiz vem prefixado a, significando “completamente ou totalmente”, e, no final, acrescenta-se o afixo nominal de agente nyatya, que quer dizer “aquele que”. Esses elementos juntos formam a palavra acharya, cujo significado é “aquele que segue as escrituras (dharma) completamente” e/ou “aquele que leva os outros a segui-las”.
Assim, a palavra implica em mais do que a mera tradução “professor”; significa também aquele que segue o que ensina. Por aí se vê que há dois aspectos básicos do significado de acharya: por um lado, ele é aquele que ensina; por outro, é o exemplo daquilo que ensina.
Esse duplo aspecto do significado é devido ao assunto ensinado. Um acharya de Vedanta tenta fazer o aluno ver a verdade de si mesmo através do uso das escrituras. Se o próprio professor não for capaz de ver a verdade, suas palavras nada mais serão do que mera repetição das palavras das escrituras. Ele não estará apto a apontar as zonas de incompreensão, uma vez que ele mesmo não compreendeu. Em outras áreas do conhecimento isso não é tão crítico. De fato, nunca é possível dominar todos os aspectos de uma dada área de conhecimento, e não se espera um tal domínio por parte de um professor. Existe sempre algo mais para se aprender. Porém, esse não é o caso em Vedanta. Se alguém falha na compreensão de que é, na verdade, o Infinito, necessariamente se torna finito. Esse equívoco é significativo. Isso equivale, de fato, a compreensão que se tinha antes de receber o ensinamento; nada foi aprendido. O professor deve, portanto, ser um exemplo daquilo que ensina. Ele deve entender inteiramente o significado das escrituras.
Nas mãos de um verdadeiro acharya, a escritura torna-se um instrumento que o auxilia na tarefa de levar o aluno a ver a verdade de si mesmo; a escritura por si mesma é importante. E o acharya, pela clareza de sua visão, que valida as palavras da escritura. Por esse motivo, toda a reverência prestada à escritura é também prestada ao acharya. Ele se torna uma escritura viva, capaz de fazer os outros verem a verdade de si mesmos.
- Texto extraído do Informativo Vidyamandir, Ano III, nº 8, de agosto de 1991, do Vidya Mandir – Centro de Estudos de Vedanta e Sânscrito, do Rio de Janeiro, digitado por Cristiano Bezerra em 20 de novembro de 2004 e também publicado em yoga.pro.br. Visite o site do Vidya Mandir, da Professora Gloria Arieira (1953-), em vidyamandir.org.br [↩]
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