A prece do bom administrador
Professor Hermógenes (1921-2015) (1)
“Senhor,
Fazei de mim um instrumento de Vossa PAZ.
Onde houver ódio, que eu leve o AMOR.
Onde houver ofensa, que eu leve o PERDÃO.
Onde houver discórdia, que eu leve a UNIÃO.
Onde houver dúvida, que eu leve a FÉ.
Onde houver erro, que eu leve a VERDADE.
Onde houver desespero, que eu leve a ESPERANÇA.
Onde houver tristeza, que eu leve a ALEGRIA.
Onde houver trevas, que eu leve a LUZ.
Ó, Mestre,
Fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado.
Compreender que ser compreendido.
Amar que ser amado.
Porque é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a VIDA ETERNA.
AMÉM.”
[Atribuída a Francisco de Assis (1182 – 1226)]
O rendimento que o Grande Investidor espera de nossa administração dos talentos está aqui sintetizado de modo perfeito.
Ele quer que aumentemos no mundo e em cada pessoa a PAZ, o AMOR, o PERDÃO, a UNIÃO, a FÉ, a VERDADE, a ESPERANÇA, a ALEGRIA e a LUZ.
Será isso o que estamos realizando ao pensarmos, ao falarmos, ao curtimos e ao agirmos? Estamos ampliando e promovendo esses valores através de nosso atuar no mundo e em nós?
É muito difícil que a resposta (só vale se for sincera!) seja sim.
Promover PAZ, AMOR, PERDÃO, UNIÃO, FÉ, VERDADE, ESPERANÇA, ALEGRIA e LUZ é tarefa imensamente difícil. Quer saber por que?
Porque há um obstáculo gigantesco a se opor. E o nome dele é egoísmo.
Cada um se sente como um eu personalístico, a pretender sempre subir, ganhar, acumular, vencer, dominar, firmar-se, afirmar-se, expandir-se e até imortalizar-se. Desejos, apegos, aversões e fobias mobilizam todos os talentos em favor do eu.
Se o eu é tão reivindicante, que lugar, tempo e talento nossos sobrarão para beneficiar os outros? Ou para servir a Deus?
Essa hipertrofia calamitosa do eu, a meu ver, é uma doença gravíssima, que, por sua vez, é a causa de todas as injustiças e crimes, de toda falta de PAZ, AMOR, PERDÃO, UNIÃO, FÉ, VERDADE, ESPERANÇA, ALEGRIA e LUZ, que mantém o mundo em sofrimento permanente. Essa enfermidade não aparece (ainda) nos tratados de patologia dos médicos. Nagarika Govinda a denomina egosclerose.
O único tratamento válido para a egosclerose é ensinado por Cristo, e para o mesmo tenho proposto o nome de humildação. Consiste em reduzir a importância que nos damos, isto é, que damos, cada um de nós, a seu eu pessoal.
Essa humildação não é somente um remédio eficaz. É o único que existe.
Desculpem-me as escolas atuais de psicologia, psicoterapia e educação quando afirmo que o formar, fortalecer, aprimorar e expandir a personalidade (o eu pessoal), que têm sido objetivos de tais ciências, reclamam uma revisão, um reestudo.
Até agora, os tratamentos psicoterápicos e a pedagogia, que visam à afirmação e à consolidação do eu, têm predominado, têm se exercido. Mas, apesar disso, a Humanidade tem melhorado? E não será exatamente por isso – a hipertrofia do ego?
Indivíduos que foram formados e informados para nutrir, defender, exaltar, firmar e afirmar suas personalidades, que fizeram da Humanidade? Que estão fazendo do planeta? Pessoas cujos egos foram formados pelos psicopedagogos e tratados pelos psicólogos estão aí, lutando, impondo e se impondo, crescendo, “progredindo”. Ou, ao contrário, neuróticos amedrontados, submissos, mas sempre em defesa do eu, que aprenderam a amar. Que tal essa sociedade, palco de conflitos, desamor, impiedade, desunião, descrença, hipocrisia, tristeza e treva? Que tal essa civilização formada por pessoas educadas?!…. Que tem feito ao mundo a egolatria?!
Toda a primeira parte da prece de Francisco de Assis é um pedido, não em favor do eu, mas, ao contrário, em favor de uma minimização do eu, para chegar a se tornar (gloriosamente) um humilde “instrumento” de Deus.
O egoísta pede amor. O “bom administrador” acha importante amar. O egoísta pede consolo. O “bom administrador” consola. O egoísta mendiga ser compreendido. O “servo bom e fiel” é compreensivo e misericordioso. O egoísta pede, pois quer receber sempre. O santo constantemente dá e se dá sem reclamar sequer reciprocidade.
Terapeutas, médicos, educadores, psicólogos e pedagogos não podem naturalmente considerar sensato o paradoxo contundente do Santo:
“É morrendo que se vive para a VIDA ETERNA”.
Os grandes mestres da Humanidade são unânimes em ensinar que a VIDA ETERNA, ou o REINO DE DEUS, ou o NIRVANA, ou a ILUMINAÇÃO, ou a REDENÇÃO, isto é, a META SUPREMA de nossas vidas, não tem lugar enquanto o eu pessoal continuar se impondo. Só o vazio deixado pelo eu permite a Deus reinar. Enquanto sobreviver o eu, Deus não acontece. O verdadeiro sentido da evolução espiritual é o que Huberto Rohden chamou de egocídio, ou morte do ego.
Prefiro chamar de humildação, isto é, a minimização progressiva do ego, simultaneamente com a expansão de Deus.
Rigorosamente, à luz da ciência oficial e convencional do mundo, um Francisco, a querer morrer como ego, é um caso para tratamento psiquiátrico.
Rigorosamente, à LUZ da CIÊNCIA DIVINA e ETERNA, o homem egoísta que nós somos é um mísero padecente, um frágil, um primitivo, um pobre ignorante, que ainda não se conhece como potencialmente divino, como um Espírito Imortal e Livre.
Aquele que se tornou “instrumento”, sem ego, sem reivindicar amor, consolo e doação, para o mundo dos egoístas é um estranho, para não dizer anormal.
O homem normal aí está, a revolver-se nos opostos da existência, a neurotizar-se entre excessos de gozo fácil nas supostas vitórias e a cair em depressão nas pequenas quedas que a vida impõe.
Qual é a sua posição?
Você está mais para a “anormalidade” de Francisco ou para a “normalidade” da dor, depressão, apego, ira, ansiedade, fobia, ambição, falência, carência, instabilidade e insegurança dos homens medíocres, ainda vivendo somente para si e para os “seus”?
Chegou a hora da opção.
Faça-a você.
» por “Senhor,
Fazei de mim um instrumento de Vossa PAZ.
Onde houver ódio, que eu leve o AMOR.
Onde houver ofensa, que eu leve o PERDÃO.
Onde houver discórdia, que eu leve a UNIÃO.
Onde houver dúvida, que eu leve a FÉ.
Onde houver erro, que eu leve a VERDADE.
Onde houver desespero, que eu leve a ESPERANÇA.
Onde houver tristeza, que eu leve a ALEGRIA.
Onde houver trevas, que eu leve a LUZ.
Ó, Mestre,
Fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado.
Compreender que ser compreendido.
Amar que ser amado.
Porque é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a VIDA ETERNA.
AMÉM.”
[Atribuída a Francisco de Assis (1182 – 1226)]
O rendimento que o Grande Investidor espera de nossa administração dos talentos está aqui sintetizado de modo perfeito.
Ele quer que aumentemos no mundo e em cada pessoa a PAZ, o AMOR, o PERDÃO, a UNIÃO, a FÉ, a VERDADE, a ESPERANÇA, a ALEGRIA e a LUZ.
Será isso o que estamos realizando ao pensarmos, ao falarmos, ao curtimos e ao agirmos? Estamos ampliando e promovendo esses valores através de nosso atuar no mundo e em nós?
É muito difícil que a resposta (só vale se for sincera!) seja sim.
Promover PAZ, AMOR, PERDÃO, UNIÃO, FÉ, VERDADE, ESPERANÇA, ALEGRIA e LUZ é tarefa imensamente difícil. Quer saber por que?
Porque há um obstáculo gigantesco a se opor. E o nome dele é egoísmo.
Cada um se sente como um eu personalístico, a pretender sempre subir, ganhar, acumular, vencer, dominar, firmar-se, afirmar-se, expandir-se e até imortalizar-se. Desejos, apegos, aversões e fobias mobilizam todos os talentos em favor do eu.
Se o eu é tão reivindicante, que lugar, tempo e talento nossos sobrarão para beneficiar os outros? Ou para servir a Deus?
Essa hipertrofia calamitosa do eu, a meu ver, é uma doença gravíssima, que, por sua vez, é a causa de todas as injustiças e crimes, de toda falta de PAZ, AMOR, PERDÃO, UNIÃO, FÉ, VERDADE, ESPERANÇA, ALEGRIA e LUZ, que mantém o mundo em sofrimento permanente. Essa enfermidade não aparece (ainda) nos tratados de patologia dos médicos. Nagarika Govinda a denomina egosclerose.
O único tratamento válido para a egosclerose é ensinado por Cristo, e para o mesmo tenho proposto o nome de humildação. Consiste em reduzir a importância que nos damos, isto é, que damos, cada um de nós, a seu eu pessoal.
Essa humildação não é somente um remédio eficaz. É o único que existe.
Desculpem-me as escolas atuais de psicologia, psicoterapia e educação quando afirmo que o formar, fortalecer, aprimorar e expandir a personalidade (o eu pessoal), que têm sido objetivos de tais ciências, reclamam uma revisão, um reestudo.
Até agora, os tratamentos psicoterápicos e a pedagogia, que visam à afirmação e à consolidação do eu, têm predominado, têm se exercido. Mas, apesar disso, a Humanidade tem melhorado? E não será exatamente por isso – a hipertrofia do ego?
Indivíduos que foram formados e informados para nutrir, defender, exaltar, firmar e afirmar suas personalidades, que fizeram da Humanidade? Que estão fazendo do planeta? Pessoas cujos egos foram formados pelos psicopedagogos e tratados pelos psicólogos estão aí, lutando, impondo e se impondo, crescendo, “progredindo”. Ou, ao contrário, neuróticos amedrontados, submissos, mas sempre em defesa do eu, que aprenderam a amar. Que tal essa sociedade, palco de conflitos, desamor, impiedade, desunião, descrença, hipocrisia, tristeza e treva? Que tal essa civilização formada por pessoas educadas?!…. Que tem feito ao mundo a egolatria?!
Toda a primeira parte da prece de Francisco de Assis é um pedido, não em favor do eu, mas, ao contrário, em favor de uma minimização do eu, para chegar a se tornar (gloriosamente) um humilde “instrumento” de Deus.
O egoísta pede amor. O “bom administrador” acha importante amar. O egoísta pede consolo. O “bom administrador” consola. O egoísta mendiga ser compreendido. O “servo bom e fiel” é compreensivo e misericordioso. O egoísta pede, pois quer receber sempre. O santo constantemente dá e se dá sem reclamar sequer reciprocidade.
Terapeutas, médicos, educadores, psicólogos e pedagogos não podem naturalmente considerar sensato o paradoxo contundente do Santo:
“É morrendo que se vive para a VIDA ETERNA”.
Os grandes mestres da Humanidade são unânimes em ensinar que a VIDA ETERNA, ou o REINO DE DEUS, ou o NIRVANA, ou a ILUMINAÇÃO, ou a REDENÇÃO, isto é, a META SUPREMA de nossas vidas, não tem lugar enquanto o eu pessoal continuar se impondo. Só o vazio deixado pelo eu permite a Deus reinar. Enquanto sobreviver o eu, Deus não acontece. O verdadeiro sentido da evolução espiritual é o que Huberto Rohden chamou de egocídio, ou morte do ego.
Prefiro chamar de humildação, isto é, a minimização progressiva do ego, simultaneamente com a expansão de Deus.
Rigorosamente, à luz da ciência oficial e convencional do mundo, um Francisco, a querer morrer como ego, é um caso para tratamento psiquiátrico.
Rigorosamente, à LUZ da CIÊNCIA DIVINA e ETERNA, o homem egoísta que nós somos é um mísero padecente, um frágil, um primitivo, um pobre ignorante, que ainda não se conhece como potencialmente divino, como um Espírito Imortal e Livre.
Aquele que se tornou “instrumento”, sem ego, sem reivindicar amor, consolo e doação, para o mundo dos egoístas é um estranho, para não dizer anormal.
O homem normal aí está, a revolver-se nos opostos da existência, a neurotizar-se entre excessos de gozo fácil nas supostas vitórias e a cair em depressão nas pequenas quedas que a vida impõe.
Qual é a sua posição?
Você está mais para a “anormalidade” de Francisco ou para a “normalidade” da dor, depressão, apego, ira, ansiedade, fobia, ambição, falência, carência, instabilidade e insegurança dos homens medíocres, ainda vivendo somente para si e para os “seus”?
Chegou a hora da opção.
Faça-a você.
Leia na sequência:
Introdução do livro Deus investe em você
Deus investe em você
A prece do bom administrador
Castigos e prêmios
- Texto extraído das páginas 19 a 23 da 1ª edição, de 1985, do livro Deus investe em você, do Professor Hermógenes (1921-2015), digitado por Cristiano Bezerra em 19 de setembro de 2001 e também publicado em yoga.pro.br. Visite o site do Instituto Hermógenes em institutohermogenes.com.br [↩]
Comentários
A prece do bom administrador — Nenhum comentário
HTML tags allowed in your comment: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>